NÓ CEGO
(CEZANNE)
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(CEZANNE)
(RICARDO FILIPE PALMA FERREIRA)
Em 2002 encontrei no meu computador estas simples e muito significativas palavras:
“Sentou-se em frente ao computador para escrever.
E escrever o quê?
Sobre quê?
Sabia tão-somente que sentia uma imperiosa vontade de escrever.
E se escrevesse sobre o que estava a ver no momento?
Claro que estava a olhar para o teclado, mas por breves segundos o olhar desviava-se um pouco, talvez para pensar em que tecla ia carregar a seguir, esse olhar vagueava por entre o cortinado que...”
Lisboa 3/9/2002
Elisabete Sombreireiro Palma
(Resposta
(Óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
SENTADA AO COMPUTADOR
(Rogério Martins Simões)
Sentada ao computador,
deambulando por outra paragem…
parei o tempo…
E se o tempo não fosse dor
e tudo não passasse de uma aragem.
Afinal o que estou a dizer?
Será que não sei escrever,
o que estava a ver
na outra margem?
Respiro fundo,
no fundo me torno…
Entorno a minha angústia
nos cortinados das janelas…
Olho novamente o teclado,
levanto a cabeça
e desvio o olhar.
E neste reflexo avisto as mazelas:
Com que me revejo!
Com que me adorno!
E vou por aí a vaguear…
03-09-2002 19:54:20
(Óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
RICARDO
18 longos anos a morrer de saudade!
“Sabes Rogério – Por muitos ou poucos anos que viva, nem um só momento esqueço a morte do meu filho”
Elisabete M. S. Palma.
No dia 1 de Julho de 1989 os filhos da minha companheira sofreram um terrível acidente de mota, nos acessos à ponte sobre o Tejo, e o Ricardo não sobreviveu.
Era sábado, estiveram os dois na praia da Caparica, e o irmão mais velho, o Pedro, quis mostrar ao Ricardo o Pôr-do-sol - na Lagoa azul - na serra de Sintra, e de repente a tragédia aconteceu.
O Ricardo era uma casa cheia: divertido, irradiava simpatia e fazia muitos amigos.
- Eu sei Ricardo que viajaste em cima da cor azul do arco-íris e sempre que eu vejo um pôr-do-sol tu lá estás, com um sorriso.
18 anos de muita saudade deste teu amigo,
Rogério Martins Simões
Desvendo nesta data a razão por que escolhi
POEMAS DE AMOR E DOR
para este blog.
Rogério
(Óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma.
Animação da autoria da poetisa Anne Müller)
Fonte de esperança
Minhas palavras ocas
Lançadas ao vento!
Adeus
Minhas palavras velhas
Ao sabor da corrente.…
A Deus
Minhas palavras novas
Crepitando por aí
Da nascente…
1973
(DEGAS)
Todo o dia choveu
(Rogério Martins Simões)
Hoje, fiquei triste
Por triste ser
E se triste estou
Entristeci ao amanhecer...
Hoje, todo o dia chorei
Quisera ser copo de água
Para afogar a minha mágoa
E se mágoa tenho
Para deitar tanta lágrima
Entristeci por perder
E ao perder eu perdi
Perdi até mais não ver
(Se mais ver eu consiga)
Consiga alguém sofrer?!
Hoje, todo o dia choveu.
Toda a noite foi de chuva
Estava escuro como breu.
Já goteja na goteira
Já está molhada a lareira
Há quanto tempo não chovia
Há quanto tempo não sofria
E logo tudo num dia
Como esta chuva que vai,
Pendurada no meu pranto
Na torrente agita e cai
Rega o prado verdejante
Evapora e enfrenta
O deserto escaldante
E volta ao mar na tormenta…
23-04-2004
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De Padre Pedro - Lobatos - Raposo Pampilhosa da Serra |
21/04/2005