CHARNECA EM FLOR
Florbela Espanca
Enche o meu peito, num encanto mago, O frémito das coisas dolorosas... Sob as urzes queimadas nascem rosas... Nos meus olhos as lágrimas apago... Anseio! Asas abertas! O que trago Em mim? Eu oiço bocas silenciosas Murmurar-me as palavras misteriosas Que perturbam meu ser como um afago! E, nesta febre ansiosa que me invade, Dispo a minha mortalha, o meu burel, E já não sou, Amor, Soror Saudade... Olhos a arder em êxtases de amor, Boca a saber a sol, a fruto, a mel: Sou a charneca rude a abrir em flor!
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 00:00
Desce a noite…
Rogério Martins Simões
Desce a noite
De seda fina
de fino trato.
A lua clama:
que a flama afoite!
Desce a noite!
Cai o pano!
Sobe o tacto…
23/9/2007
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 20:44
Foto de Rogério Martins Simões - Olhares -
NOS ESPELHOS DO FAROL
Rogério Martins Simões
Maestro ou actor!
Nada!
Tenho a casa assombrada:
Sofrimentos meus,
Partem em debandada
Em passo de caracol…
Virei feitiço!
A minha agitação
É um constante compromisso
Entre a terra,
a lua e o sol…
Sementes de girassol,
Sem agiotas,
Alimentam toupeiras e gaivotas…
Estou louco!
Gritei!
Meu rumo é viajar.
Deixem-me levitar,
Açor nas tardes frias,
Nos espelhos de um farol…
De degrau em degrau,
Subo e quero ser:
Pássaro nocturno;
Silêncio ou profeta,
Nos confins do arrebatamento.
Vagabundo
das partidas adiadas.
Remador
de uma nave galáctica…
Toupeiras acenam à despedida.
Gaivotas perdem sementes.
O espanto é de espera…
Subo e vou ser:
Pássaro nocturno,
Silêncio ou profeta,
Argonauta ou asceta,
Nas asas de uma quimera…
Praia das Bicas - Meco
02-11-2009 21:38:24
“O direito de autor é reconhecido independentemente de registo,
depósito ou qualquer outra formalidade,
artigo 12.º do CIDAC, aprovado pela Lei 16/08 de 1 de Abril”
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 23:20
(Foto de um menino com 3 meses de idade)
Tirada em Lisboa, no dia 7 de Outubro de 1949,
Este menino era eu
Rogério Martins Simões
SANTA PÁSCOA
Esta é a minha homenagem a Chico Xavier
100 anos exemplificando no Mundo o Amor a Jesus
"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim"
CHICO XAVIER
VOLTEI!
(Rogério Martins Simões)
Venho dos limites do tempo
De uma galáxia qualquer
Já fui mar, já fui vento
Agora sou pensamento
Aparado em dado momento
No ventre de uma Mulher!
Meu corpo é magistral!
Brutal! Perfeito! Soberbo!
De início não era verbo
Agora sou o verbo ser.
Tenho comigo segredos
Segredos do universo
Transporto no corpo recados
Escrevo em forma de verso.
Venho dos limites do tempo
Não sei o que fui e sou:
Deserto? Nascente?
Já fui Norte, já fui Sul
Pó astral, mar azul!
Luar, estrela cadente.
Eu me vou!
Partirei num cometa qualquer
E serei novamente pôr-do-sol.
Cor-de-rosa, aloendro, malmequer!
Voltei...Já cá estou…
Agora sou pensamento
Nascido em dado momento
Do ventre de uma Mulher!
23-09-2004 18:39
Aldeia do Meco
(Este poema foi gravado em MP3, pelo Luís Gaspar, nos Estúdios Raposo,
–“Lugar aos novos” – e pode ser copiado seguindo o link no lado direito
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09 )
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 23:24
(Foto de Rogério Simões)
CONSTRUÇÃO
Romasi
Rogério Martins Simões
Passo a passo,
passo em corrida o cansaço,
lembro como fui construindo
este espaço,
tão pequenino;
troquei um abraço…
esqueci o cansaço:
Era tão lindo o menino.
Passo a passo,
acelerei a corrida,
recordo como fui construindo
este espaço;
soltei asas de seda fina,
aparei a vida:
Era tão linda a menina.
Hoje, quis Deus
que escrevesse
os únicos passos importantes
da minha vida.
Que importa, sequer,
recordar horas más,
castelos de areia,
que os meus passos
foram deixando para trás...
Passo a passo,
Chego ao final da construção.
Malmequer; bem-me-quer…
Eu vi duas flores de algodão!
Lisboa, 1987
(Registado no Ministério da Cultura
Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09 )
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 18:49
REGATO BRANDO
ROMASI
Rogério Martins Simões
Regato brando
corre com vontade
porque a vontade
é a força
dos seres abandonados
e mata a sede...
Regato brando
é livre,
e a liberdade
enche de alegria
a relva verdejante.
Regato brando
é bravo
porque a resistência
tem a bravura
da força da nascente...
Regato brando
é amor.
É por isso, dizem,
que o sol
põe o regato nas nuvens...
Regato brando
não temas,
porque a relva verde
e a urze do campo,
na tua presença, sorriem
Regato brando
não cedas e corre livre…
10/02/1975
(memórias do poeta “Renovação")
(Registado no Ministério da Cultura
Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09 )
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 21:48
(foto Rogério Simões)
INVERNO
Rogério Martins Simões
Engrossam as nuvens.
Repartem as marés…
Alongo a mão
chapéu-de-chuva.
Resvalo no chão
húmus nos pés.
O tempo está de chuva
de lés a lés.
Bendita sejas
Estação:
Das folhas vencidas…
Das árvores despidas.
Das saias compridas.
Das noites de entrega.
Faz frio!
O vinho escorrega…
Lisboa 11 de Outubro de 2005
(Registado no Ministério da Cultura
Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09 )
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 00:49
SE ESTIVERES POR CÁ FAZ UM SINAL…
Rogério Martins Simões
Ergue-se na destreza, sem contratempo,
mesmo em agonia não deixa de pensar,
louca sensação, esta, para viajar,
nos neurónios, por um buraco do tempo…
Ah! Este poder de estar aqui, ou ali,
atravessando os confins do imaginário,
por mil léguas separado, ali ou aqui,
de louco, um pouco, e visionário…
Nunca te perguntarei por onde andas!
Se estives por cá faz um sinal...
Lisboa, 28-02-2010 01:52:50
(Diálogos da Alma e do poeta)
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 11:27
O FILHO DA CALÇADA
(Rogério Martins Simões)
Eu vi
O Filho da Calçada
Sorrindo de anjo
com os cabelos sujos
da cor do barro.
E o barro
era uma cor
do anjo do céu ...
O sujo é o amor
da gente que passa
Coberta de véu ...
E havia estradas
no rosto
das Lágrimas deitadas.
E havia candura
nenhum lado oposto
do cabelo
Cortado à pedrada ...
E as Pedras
Tábuas eram!
E os cabelos
uma almofada ...
O cão uma companhia
Calçada da do filho.
Eu vi!
O filho da calçada
Sorrindo de anjo
com os cabelos sujos
da cor do barro ...
Lisboa, 29/1/1975
(Registado não Ministério da Cultura
Inspecção-Geral das Actividades Culturais IGAC
Processo n. º 2079/09 )
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 19:25
Fénix
Rogério Martins Simões
Nestes dias
que passam, a correr,
sem sentir.
Nestes pedaços
de tempo velho
a renascer,
Reaparece a vida:
Nas folhas novas a nascer.
Nas flores lindas por abrir.
Porém,
tudo se acaba por varrer;
todos acabamos por sofrer,
pelo que há-de vir.
E eu que nada sei,
Por nada ser:
Em cinzas irei partir,
e, das cinzas renascer...
1/08/2004
(Registado no Ministério da Cultura
Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09 )
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 13:41