QUISERA ANDAR DE CARROSSEL
Rogério Martins Simões
Quisera andar de carrossel
Com um sorriso de criança que ri
Rosto rebuçado, melaços de mel
Laivos da festa que resta em ti…
Num dedo prendo o balão,
Com outro seguro o corcel
Soco a bola com a mão
As mãos, o rosto e a testa
Besunto-me todo com mel.
Solta-se dos dedos o balão
Que voa a caminho do céu
-Mãe! Vai-me apanhar
Um sorriso igual ao seu…
-Meu filho a mãe não sabe!
Ler, nunca aprendeu:
A mãe vai procurar
O balão que se perdeu…
-Mãe que sabe escutar,
Meus choros em seu coração
Abençoada o seja minha mãe
Por tudo o que foi e me deu!
Rodopiam as lembranças da festa
Para o movimento ondulante
Sujo-me de novo a cada instante…
Sem rebuçados com sabor a mel
Mas… Brinquei tanto no carrossel….
2005-10-20
Simões, Rogério, in “GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO”,
(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2014)
http://www.truca.pt/armazem_som/rogerio_martins_carrossel.mp3
Oiça aqui o poema declamado pelo Luís Gaspar: Estúdios Raposa.
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
Dedicado a todos os meus companheiros com Parkinson
Poemas de amor e dor
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publicado às 21:34
Poema suave
Rogério Martins Simões
Venham as flores,
Neste nosso verbo amar,
Que as folhas estão caindo.
As dores estão sentindo
Uma criança chorar…
Venham as flores,
E os frutos por colher.
Que as dores estão sentindo
Os homens que vão partindo
A chorar e a sofrer.
Venham as flores
E o outono vai passar
Que as dores estão sentindo
A primavera a chegar.
Venham as flores
Que milagre é nascer
Que as dores estão sentindo
As folhas novas crescer….
Venham as flores,
E a alegria de viver!
Lisboa, 1989
(Registado no Ministério da Cultura
Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09)
Poemas de amor e dor
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publicado às 23:32
“Quando se chega à minha idade, sei que o comboio está a chegar à estação. Não sei se vai com grande atraso ou com grande avanço.”
(Alexandre Soares dos Santos – Empresário faleceu 16/8/2019)
NA ESTAÇÃO DOS ACENOS
(A CAMINHO DA LUZ)
Rogério Martins Simões
Na estação dos acenos
Regurgitam como lapas:
As memórias;
Os gritos de desespero;
Ou as luzes da ribalta.
Na estação dos acenos
Onde a ventura por ali passou
Existem sombras e visões
Que metem medo
E as paredes,
Por mais que as pintem,
Não limpam
Os risos ou os prantos.
Na estação dos acenos
Há sempre um túnel de silêncio
Onde se guardam
Recônditas lamentações,
Ou, na glória, o fim dos sonhos.
Se não imaginasse o trajeto desta linha
Não teria viajado tão depressa:
Ficaria por aí gerindo a pressa
Que pressa ele não tinha...
O comboio não chegou atrasado…
“Quando se chega à minha idade,
Sei que o comboio está a chegar à estação”
Ontem, na estação dos acenos
Um comboio levou consigo um sonhador…
A caminho da Luz
Meco, 17/08/2019 16:53:03
(20/11/2011)
Poemas de amor e dor
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publicado às 18:00
DIANTE DOS MEUS OLHOS
Rogério Martins Simões
Diante dos meus olhos
Revejo palavras concretas
Que me deixam colado à incerteza:
Será o frio razão suficiente
Para apreciar o calor?
A minha gratidão
Estará sempre presente
Nas mais leves E breves
Gotículas de natureza:
Passo lento e curto
No encalce de um percurso
Marcado
Limitado
Que, diante dos meus olhos,
Fixa distintamente o Universo.
O que vejo é um caminho curto
Que não me esconde
As dúvidas de uma certeza:
Por cada passo que dou,
Mesmo devagarinho,
Percorro o meu caminho
Para alcançar a luz:
Que se esconde por detrás do sol…
Meco, 3 de Dezembro de 2011
(Próximo Livro Poemas de amor e dor)
Poemas de amor e dor
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publicado às 01:14
Imagem criada por mim ROMASI
Brincaste comigo
Rogério Martins Simões
Brincaste comigo, pensando que não sabia.
Antes fosse mistério, para mim, tanta tolice.
Depois levaste a sério o que sei e te disse
Agora que eu sei, o que de ti desconhecia…
Seguindo o teu critério não mais te veria.
Não seria mistério se não visse o que visse.
Brincaste comigo sem saber que se fugisse
Levava o que sei: que de ti nada saberia.
Campimeco, Meco, 04/04/2019 22:41:22
(Agora que dou por mim com tantas e terríveis privações na minha autonomia; Agora que quase já nem consigo segurar, manobrar o “rato” deste computado; agora que tenho quase pronto o meu 2º livro para o propor a uma editora; AGORA!?
Cabe-me a mim agradecer a todos vós amigos verdadeiros ou leitores da minha poesia, dedicando-vos este poema que acabo de escrever.
Esperança? Sim ainda a tenho e não irei desistir. Lutar? Sempre lutei. Força? Sorte? É a que tenho e seja o que Deus Quiser!)
Mas amanhã será outro dia. Até já.
ROMASI
Poemas de amor e dor
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publicado às 23:23
CANTO O IMPREVISTO
(Rogério Martins Simões)
Canto o imprevisto
O que se espera e não espera
Canto o que conto, e não conto:
Tenho andado em viagem
Sem tempo.
Acordo cansado,
Deito-me cedo
Cedo ao meu corpo fatigado
E neste tormento
Sem razão aparente,
Neste aparente cansaço:
Não sei por onde ando.
Ando por aí
Em busca de qualquer coisa
Que nem sei onde está.
Olho a televisão
Nada vejo que me encontre.
Olho as molduras
Leio os rostos que conheço,
Amo os que não esqueço.
Daria tudo
Por uma forte gargalhada,
Sonora, repetitiva:
Rindo, rindo, sem parar.
E neste meu silêncio, em que me silencio
Quero rir para não chorar.
04-03-2005
(Para um suposto 3º livro)
Poemas de amor e dor
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publicado às 21:50
Foto de Rogério Simões
CONSTRUÇÃO Rogério Martins Simões Passo a passo,Passo em corrida o cansaço, Recordo como fui construindo Este espaço, tão pequenino, Porque troquei um abraço… Esqueci o meu cansaço: Era tão lindo o menino. Hoje, Deus quis que escrevesse Os passos importantes da minha vida. Que importa recordar horas más, Castelos de areia, Que os meus passos Foram deixando para trás... Passo a passo, Acelerei a corrida, Trazendo para casa a vida E de novo o meu espaço Se preenche e se anima; Era tão linda a menina. Hoje, Deus Que apenas me deu os passos… Que só a espaços foram meus… Entregou-me os meus meninos… E se ao fim de tanto sofrer, Voltei a ter uma fortaleza qualquer Foi por estar sempre presente Desde que nasceram até eles serem: Um homem e uma mulher Afinal… Deus nunca se esqueceu de mim… Lisboa, 1989 (Registado no Ministério da Cultura Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. Processo n.º 2079/09)
Poemas de amor e dor
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publicado às 23:31
POR QUE SOU TRISTE?
Rogério Martins Simões
Saber, quero saber por que sou triste?
Querer, por mais querer, o riso ensejo.
Chorar? Não mais chorar é meu desejo.
Saber por que razão meu choro insiste?
No meio deste silêncio, e que persiste,
Razão tem a razão em que me revejo.
Chorar será o clamor do meu arpejo.
Saber, quero saber em que consiste.
Perguntei ao meu rio Tejo, a soluçar,
Que me desse a razão deste meu estar:
Saber, quero saber que fiz de errado?
Sorrindo para mim para que o visse,
Cuidai desse teu riso, e mais me disse:
- Chorar, e mais chorar, será teu fado…
Meco, Praia das Bicas, 2013-12-12
Simões, Rogério, in “GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO”,
(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2014)
Poemas de amor e dor
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publicado às 22:20
DEPOIS DE TANTO VER
Rogério Martins Simões
Depois de tanto a ver
Partir e chegar
Voltava a desaparecer
E a regressar
Era a noite fria
Que me arrastava
Era a pérfida agonia
Que comigo ficava
E foi tanto assim
Que ao dar por mim
Era a desventura
Partiram os anos
Ficaram os danos
De tanta amargura
E as lágrimas despidas
Beijando as feridas
Cobriram o chão
Criando novos laços
Que guiaram meus passos
E o meu coração.
Meco, 02/10/2013 22:47:37
Poemas de amor e dor
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publicado às 19:12
AH! ESTE SOL
Rogério Martins Simões
Preciso deste silêncio
De enrolar as minhas palavras em silêncio
Se as leres… no bulício da cidade
Não te dirão nada
Absolutamente nada
Pois ainda não encontraste paz
Enche os pulmões deste ar refeito
E enfeita o teu rosto de glória
Tantos malmequeres
Ah! Este sol.
25-07-2011 23:27:42
Poemas de amor e dor
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publicado às 23:55