Versos de amor
Rogério Martins Simões
Logo! Logo muito cedo,
Irrompe a luz, sem medo,
E descobre meu olhar.
Entra, sem bater à porta,
Quando o sol conforta:
Lembranças a despontar.
Em cima da velha mesa
Eu tinha a roupa presa
Com o prato da merenda:
Manteiga e pão escuro;
Que o branco era duro,
E só pela encomenda...
Solto os meus pés à légua
Que, na escola, a régua
Não aceita a demora...
Quisera, então, aprender,
A ler, para escrever,
Os meus poemas de agora.
Revejo, neste caminho,
Meus pais, com tanto carinho,
Neste nosso trilho em flor.
Volta o sol, que me beija,
Nesta manhã, que cereja,
Em meus versos de amor.
Lisboa, 30-10-2010 22:33:19
Simões, Rogério, in “POEMAS DE AMOR E DOR”,
(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2019)
1ª edição: Agosto, 2019
ISBN: 978-989-52-6450-6
Depósito Legal n.º 459328/19
Poemas de amor e dor
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publicado às 19:17
POEMAS DE AMOR E DOR
Hoje 24 de Setembro de 2019 perto das 13 horas recebi os meus livros do meu novo livro de poesia. Assim:
Por se ter agravado o meu estado de saúde e estando o meu último livro pronto, cumpre-me informar que apesar de ainda não ter marcado o dia e a hora do seu lançamento, por informação da Editora, passarei a divulgar o meu segundo livro “POEMAS DE AMOR E DOR”.
O projeto que tinha planificado para este livro não se concretizou, apesar de ter passado um ano a trabalhar nele. Só quem passa pela doença de Parkinson conhece as dificuldades que a todo o momento vão aparecendo. Darei como exemplo o não conseguir manusear corretamente o “rato” apesar de tudo tenha tentado fazer para impedir que os dedos deixem de apertar ao mesmo tempo, sem eu querer, o botão direito do “rato”. Mas muitos mais dificuldades se juntam tendo atingido os meus limites desde muito cedo. Foi para me obrigar a concluir este livro que optei por me desafiar a mim mesmo, remetendo os poemas à Editora. Deste modo, só com a paciência daqueles com que ia contactando ao longo destes últimos 5 meses foi possível concluir o julgava impossível. Existem algumas falhas, e desde já peço desculpa. Mas tudo fazer sem ajuda de ninguém, e na minha situação, não mais terei coragem para tal.
Finalmente direi que contando com a ajuda de alguns amigos tentarei apresentar o livro numa tarde de Outubro em local a anunciar, mas disso darei conta logo que possível.
Tudo de bom para todos.
Rogério Martins Simões
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publicado às 22:32
DIÁLOGO NUM PORTO DE ABRIGO QUANDO O MAR ESTÁ REVOLTO….
Rogério Martins Simões
Soa um alarme
Que se solta na noite escura
O mar está revolto
- Não te deves colocar em perigo
Nas palavras que soltas,
-Escreve! Eu as dito
A riqueza está no coração
Na nobreza dos gestos
- Certos incertos, seguros.
A tua riqueza está em ti
Acredita que o amanhã será diferente
Será melhor,
Cheio de Sol, do tamanho da amizade.
A riqueza está na luz que de ti irradia.
Liberta-te!
Vive nem que seja por um dia.
Vive a felicidade que encontras
Seguindo e perseguindo os sonhos.
Repara que um sorriso
Vale muito mais que um choro,
Olha as árvores e os campos
Que renascem do fogo sorrindo.
E se escreveres palavras tristes
Para as teres por catarse
Não as libertes
Sopra-as no meu ouvido.
- Pela manhã não andava!
-No momento em que escreves voltaste a andar.
Deixa fluir o que sentes
E não te obrigues a lutar contra moinhos de vento.
Aceita!
Amanhã traz de volta um novo dia
- Uma silhueta desperta no meu olhar.
Se calhar é alguém que regressa
À aldeia do meu coração em festa.
-Vêm ver os teus barquinhos de papel
Saltitando na levada a caminho da horta.
- Gosto de descobrir nos sentidos
Esta alegria de estar vivo.
- Podes abrir os olhos, mesmo sofridos,
E sentir o coração a pulsar.
Lampejam as eternas palavras dos poetas
Meco, 08/05/2019 00:25:02
Poemas de amor e dor
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A ESTRELA MAIS BELA QUE ENCONTREI!
(Rogério Martins Simões)
Sabes encontrar-me pela manhã
No riacho e cristalino desapego,
Onde, renunciando, dores refego,
Para que a esperança não seja vã.
Livre da dor e tortura é este afã,
Cuido este corpo onde me apego,
Tarde libertar-me deste carrego,
Que extingue o carma de amanhã.
E se estiver na hora quero propor:
Irei de mãos dadas pelo caminho,
Perdido eu de amores, devagarinho,
Levarei comigo o meu lindo amor,
A estrela mais bela que encontrei.
Não quero perder quem tanto amei!
Lisboa, 27-03-2008 22:04:08
(Registado no Ministério da Cultura
Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09)
Poemas de amor e dor
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publicado às 19:24
QUERO BEIJAR
Romasi
(Rogério Martins Simões)
Quero beijar
Beijar loucamente
Os teus seios
Como se eu fosse a loucura
Quero percorrer
Docemente o teu ventre
E esquecer
A minha amargura
E me entregar
E perder a dor
Nesta ânsia de amar
Latente
Em que me entrego
E dou
Eu te beijo
Desejo
E vou…
1972
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
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AS CIDADES SÃO ARMADURAS… FATIGADAS E FORJADAS... EM LÍNGUAS, MITOS E RITOS... COMBINADAS DE CIMENTO E TIJOLO.
Rogério Martins Simões
(Tomo 1)
As cidades são armaduras
As cidades são avenidas seguras
A cidade é a minha rua também
As ruas por onde andava são inseguras
Já lá não mora ninguém
Mas numa rua nasci
A minha rua era a cidade
Na minha cidade cresci
E agora com mais idade
Voltei trazendo a saudade
À rua onde ainda não morri
As cidades são armaduras
Fatigadas e forjadas
Em línguas, mitos e ritos
Combinadas de cimento e tijolo.
A minha rua tinha um casario
Numa dessas casas nasci
Da casa espreitava o rio
E o rio era o meu navio
Para onde aprendi a espreitar
E só tinha os olhos no mar
Por isso da minha casa espreitava
Olhava através dum postigo
No dias em que o vento açoitava
Tudo à frente levava
Colocando a barra em perigo
E para o navio não encalhar
Quatro vezes viravam
Duas vezes para o mar
As proas destes navios
E até o guindaste parava
Não descarregando mais nada
No cais da minha cidade
Onde muito perto morava,
De onde tudo isto espreitava
E mais por agora não vos digo
(Tomo2)
FATIGADAS E FORJADAS
Nas traseiras da minha casa
Existia um saguão
Onde as mulheres à tarde lavavam
com muita água e sabão
As roupas que todos sujavam
E tudo era lavado à mão.
E até o velho tanque sorria
Àquelas mulheres tão novas
Por isso me recordo agora
Das partidas que elas faziam
Das bolas de sabão que subiam
Da ponta do meu canudo
E até minha mãe cantava
Uma cantiga das beiras
Apesar de muito cansada
De tanto trabalho na praça
E todas muito se riam
Até diziam asneiras
E antes chegassem os homens
Passavam de lavadeiras
A criadas de servir
E quando o meu pai regressava
A minha mãe com seu ar de graça
À frente da garotada
Fazia sempre chalaça.
E nem havia tempo para carpir
Que a janta estava pronta
(TOMO 3)
EM LÍNGUAS, MITOS E RITOS
Agarradas aos frontais
As varandas da minha rua
Mais pareciam estendais
Em todas as sacadas havia
Roupas dependuradas
Que escorriam para a rua
Tinham sido bem torcidas
Tinham sido bem espremidas
Mas uma vez um careca
Que olhava para a lua
Levou com uma encharcada cueca
No alto da nuca
E alguém chama um polícia
Logo o polícia autua
E foi um reboliço
Juntou-se uma multidão num buliço
Entre os quais um castiço
Que no meio da confusão
Rouba ao merceeiro o chouriço
E chama de careca ao lesado
E o polícia que não se faz rogado
Pega no cassetete e bate
Num inocente que passava
E salta a peruca…
A malta estava maluca
Ouviu-se a sirene da “Ramona”
E antes que os levassem p´ro Torel
Partiram numa “fona”
Fica apenas o móbil do crime
Que esta história de cordel
Por agora não acaba aqui
(TOMO 4)
COMBINADAS DE CIMENTO E TIJOLO.
E ao Domingo descansavam
Mas era dia de missa
Ordeiramente preparavam
Uma banheira de zinco
Duas panelas de água quente
Uma barra de sabão azul
Toalhas e um pente.
E assim começava a barrela
Os putos iam primeiro
Na mesma água do banho
Que ainda não ganhara cheiro
E mais parecia amarela
Depois de limparem o ranho
E quando ficava castanha
Era despejada para o ralo
Estava a ficar tarde para a missa
E antes que viesse a preguiça
Ordeiramente recomeçava
Voltavam as panelas
A água morna no zinco
E os corpos que transpiravam
Ficavam todos num brinco.
Agora na minha cidade
Não lavam mais roupa à mão
Nem o corpo em banheiras de zinco
Eu vi quando por lá passava
Que os passeios da minha rua
Estão agora presenteados
Com tanta merda de cão
E assim vai a minha cidade
Que os gatos da minha idade
Também só mijam no chão…
Da minha rua parte um caminho;
Um caminho que me conduz ao destino;
Que destino me traz o caminho;
Que me conduziu à minha rua…
As cidades são armaduras
Fatigadas e forjadas
Em línguas, mitos e ritos
Combinadas de cimento e tijolo.
26/09/2013 17:59:15
29/09/2013 01:39
Meco, 30-09-2013 23:19
( Este ensaio será incluído num próximo livro do autor)
Poemas de amor e dor
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publicado às 23:52
ÁGUA SALGADA
Rogério Martins Simões
Tenho sede...e sofro
É em vão a minha dor.
A vida acaba
Quando espero o seu começo.
Triste, já cansado,
Fatigado de andar
Busco água
No oceano da vida.
Retiro-me, procuro o mar
Mergulho…,
Afogo a minha sede de vida!
E morro...
Olhos salgados de mar.
11/1968
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