DE MÃOS DADAS
DE MÃOS DADAS
Rogério Martins Simões
Na luz do teu olhar o pôr-do-sol.
Contigo, o sol pode esconder-se…
Pela manhã voltará a raiar:
Tu estarás comigo.
Eu estarei com ele.
Meco 14-09-2011 21:16:27
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
DE MÃOS DADAS
Rogério Martins Simões
Na luz do teu olhar o pôr-do-sol.
Contigo, o sol pode esconder-se…
Pela manhã voltará a raiar:
Tu estarás comigo.
Eu estarei com ele.
Meco 14-09-2011 21:16:27
FALA-ME DE AMOR
(Rogério Martins Simões)
Fala-me de amor - disseste,
quando nos recantos dos jardins
as barreiras nos impediam de pisar a relva.
Rompiam as memórias
e um ligeiro vento
arrastava as folhas secas do velho plátano.
Era tão tarde…
e ainda agora despontavam as histórias...
Olhei sem desvario.
Antes, quando me debruçava no teu peito,
eras rio,
eras só rebuçado!
E trazíamos nos pés alpercatas,
com asas,
que reluziam por cima dos muros
e o chão era mais leve que o algodão…
Sabes?
A cidade fede devaneios
e as árvores crescem nos telhados das casas.
Não te vou falar de amor, não!
Reservo para mim as sensações dos velhos tempos.
Agora, restam umas quantas folhas que vêm ter comigo:
Somos dois silêncios!
Dois estranhos castanheiros perdidos na cidade…
01-02-2006.
NUVENS NA MINHA ALMA
Rogério Martins simões
Caminho por nuvens que atravessam a minha alma.
Quem as não dispersou?
Quem as encaminhou para mim?
Agarro as estrelas e domestico o universo.
Tenho a alma num verso
E a chuva no colarinho…
Caminhar já é bom… Caminho!
Tenho um mastro para vencer.
Ardem-me os olhos só de espreitar.
Para quê mais sofrer,
Se todos os encantos não se agitam assim.
Não! Não quero prantos:
Para que, nem só na dor,
se recordem de mim.
25-07-2010 15:10:34
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspeção-Geral das Atividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
A MINHA POESIA DE HOMEM SOLTO
Rogério Martins Simões
Lancei ao vento,
O meu pensamento emigrante,
A minha poesia de homem solto.
E colhi, por cada palavra,
A aragem fresca da manhã.
E disse-me “suor do campo”:
-Toma o meu pólen de flor liberta
E compartilhemos o saco da fruta madura.
Lancei ao vento,
O meu pensamento emigrante,
A minha poesia de homem solto.
E tomei, de madrugada,
O “mata-bicho” em fato-macaco.
E disse-me o sujo de fábrica:
-Toma o arado,
A faca por mim feita,
E comeremos também
a fruta madura.
Lancei ao vento
O meu pensamento emigrante,
A minha poesia de homem solto,
E colhi por cada palavra,
Na palavra, a onda calma.
E disse-me o mestre da traineira:
- Toma esta rede!
- E come também
este cardume de vida,
Tão cheio dos nossos mortos,
E repartamos o saco da fruta madura.
Lancei ao vento
O meu pensamento emigrante,
A minha poesia de homem solto,
E colhi em toda a palavra
Um estilo novo;
Numa amizade velha…
E, num arranha-céus da construção civil,
Petiscámos todos:
O peixe vivo.
A carne fresca.
A fruta madura.
O mosto da uva.
Servidos pelo pólen da poesia livre
Colhendo a cada instante
A união do trabalho das forças produtivas.
Deixo-vos aqui
O meu pensamento emigrante,
A minha poesia de homem solto…
1984
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
ASAS INSEGURAS
Rogério Martins Simões
Era triste a triste violeta,
Morava perto do jardim,
O jardim fechava às oito,
A violeta pegava às vinte…
Asas aladas e inseguras,
Andava de mão em mão,
Vendia falsas ternuras
Quem lhe daria o condão…
Tinha o passado às escuras.
O presente era um vulcão…
Perdeu as espigas maduras,
Deitou fora o coração.
Era triste a triste violeta,
Morava perto do jardim,
O jardim abriu às oito
A Violeta partiu às vinte…
Praia das Bicas – Meco 01-10-2011 00:54:26
UM PÚCARO DE SAUDADE…
Rogério Martins Simões
Regressei à velha casa da aldeia.
E o trinco da porta sorriu…
Entrei!
A mesa ainda estava posta…
Era uma caixa de silêncio…
No meu lugar vazio havia
Um prato, um talher
E um corpo longínquo…
Tinha sede…
Procurei o púcaro da saudade…
Então,
Uma mulher adelgaçada
Colocou a rodilha à cabeça,
Abraçou o cântaro;
Pegou-me pela mão;
E partimos para a fonte…
Meco, 27-09-2011 15:54:52
SONHOS DOCES
Rogério Martins Simões
Mãe, quando é Natal?
- Meu filho, hoje é dia de Natal!
Mãe; o Menino não veio, onde está a minha trotineta?
- Meu filho; Ele deixou-te um presente, no sapatinho, dentro da chaminé!
Mãe; eu pedi uma trotineta igualzinha à dos outros meninos!
- Meu filho; as meias fazem-te falta,
E, a mãe, tem “sonhos doces” para ti!
Mãe; Para o ano o Menino vai pôr a trotineta no sapatinho?
Sim meu filho!
Prova os sonhos!
Avô, quando é Natal?
- Netinho, hoje é dia de Natal e a bisavó fez-te sonhos!
Avô, o Pai Natal não veio, onde está o jogo que pedi?
- Netinho, ele deixou-te muitos presentes e, até, uma trotineta…
Mas, avô, não era aquele jogo que queria e para que serve a trotineta?
Avô; vais trocar o jogo, não vais?
- Sim netinho!
Saboreia agora os sonhos…
(Diálogos da alma e do poeta)
Poemas de amor e dor
Feliz Natal, e “sonhos doces” para todos vós,
são os votos sinceros deste vosso amigo,
Rogério Martins Simões
Messejana