Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA
Poeta: Rogério Martins Simões
Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004
Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda
Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA
Poeta: Rogério Martins Simões
Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004
Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda
O tempo era ameno e de repente lembraram-se do Verão onde tantas manhãs foram suas.
Pararam, nada disseram um ao outro, como esperassem que algo acontecesse e de repente toda a Aldeia fosse ao seu encontro.
Já tardam tão cedo as manhãs, que ainda só agora começam, e os seus pés, tão pesados, já não são da viagem…
Finalmente quebraram o silêncio:
- Lembras-te Isabel da queda… no musgo que crescia à beira do curral!
Olharam em redor!
Tudo parecia demasiado pequeno, distante, ao alcance de um braço.
Notei, na quietude, as fragilidades com que tentavam disfarçar a insegurança daquele breve momento.
Então, vi no rosto dos meus pais:
“olhos de água cristalina,
da mais pura nascente da serra,
correndo em levada”
Cheios de recordações, como se mais nada existisse que os fizesse ficar, partiram.
Rogério Martins Simões
(A meus pais)
Regresso à Aldeia foi escrito há muitos anos numa antecipação ao dia 18/6/2004.
Tal como versei num soneto, chegou o tempo de concretizar a profecia:
“E regressaram à aldeia no final do caminho”.
Meus pais, para quem a palavra amor é para mim insuficiente para lhes expressar o que por eles sinto, foram visitar as suas aldeias: A Malhada (Colmeal) e a Póvoa (Pampilhosa da Serra).
Meu pai, com 82 anos, não visitava a sua Aldeia há quase meio século,
Hoje, mais que em qualquer momento, faltam-me as locuções e sobram-me as glorificações.
Lisboa, 19/6/2004
Rogério
Reedito um “post” que publiquei em “Poemas de Amor e dor” em 2004 por sugestão de uma amiga, “blogueira” no SOL, a quem agradeço.
Meus pais estão vivos! Eis ainda outra boa razão para vos dar a conhecer o que um dia apaguei.
Pertenço aos quadros da função pública de que tanto me orgulho. Não me chamem nomes. Os funcionários públicos, quase totalidade, merecem o respeito e a admiração de todos.
Que culpa eles têm que lhes imponham dirigentes e chefias incompetentes. Quem serão os culpados pelo aumento do número de funcionários públicos e pela sua má gestão senão o poder político.
Senhor Ministros onde estão os meus direitos adquiridos – a reforma aos 60 anos?
Qual a razão que vos assiste: reformarem-se, mantendo os vossos altos direitos adquiridos enquanto nós, (eu) com 36 anos de descontos terei de trabalhar mais 10 anos?
Tenho quase com 56 anos, e assumo que estou diagnosticado com Parkinson sem “lamechas”.
Amanhã voltarei de novo ao meu trabalho com um pensamento que me assusta: só me posso reformar aos 65 anos!
Restam-me poucos anos para ainda segurar a faca (mesmo com dificuldade).
Quisera voltar a não ter a minha letra miudinha, desalinhada, desarticulada para acertadamente continuar a dar pareceres.
Quisera tomar banho num minuto e arranjar-me num instante para chegar ao trabalho a horas, como sempre o fiz, mas não consigo. Por isso levanto-me mais cedo e fico mais cansado.
Perco-me a apertar os botões da camisa e a fazer o nó da gravata.
Tinha por meta reformar-me daqui a pouco mais de 4 anos, aos 60, para iniciar a fisioterapia que tanta falta me faz.
Afinal vou ser obrigado a trabalhar mais 10 anos deixando de ter esperança de viver, durante alguns anos da reforma, com um mínimo de dignidade.
Quantos mais funcionários públicos não estarão na minha situação ou pior?
Estes são os lamentos de mais um funcionário público a quem vão retirar o direito á reforma aos 60 anos.
(Óleo sobre telas de Elisabete Sombreireiro Palma)
Na encruzilhada do bote
(Rogério Simões)
Encaracola
A arte na Ribeira
Na encruzilhada do bote.
- É Zé da Ribeira
Carcomido
Ao vento tempestade:
Bota para cá a sardinha
Alma do diabo.
- Diabos as levem
Ondas fortes do Inverno
Que fazem a vida do pescador
Num inferno.
Encaracola
A arte na Ribeira
Na encruzilhada do bote.
- É Zé da Ribeira
Moço de descarga da sardinha
A vazar
Agora sal!?
Raios te lixem homem.
Encaracola
A arte na Ribeira
Na encruzilhada do bote.
- É Zé da Ribeira
Que engoles num trago
A tua vida fiada…
Vão dois copos de tinto?
Diabos te levem
Por mais que esfregues os calos
A tua dor continua…
Encaracola
A arte na Ribeira
Na encruzilhada do bote.
- É Zé da Ribeira
Figura típica do mar
Faz com tua faca do peixe
Barcaças pequenas
Para a pequenada brincar.
.Participação
Zé da Ribeira
Conhecido armador de Lisboa
De barcos para a pequenada
E para o turista morreu!
Acontecimento
Zé da Ribeira acordou...
E numa manhã fria
Olhou o mar!
Olhou o cais!
E, com a sua mão
Trémula da revolta,
Cravou uma faca no bote…
Encaracola
A arte na Ribeira
Na encruzilhada do bote...
24/1/1977
Terminado em 4/8/1977
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 00:16
MEIO HOMEM INTEIRO
Rogério Simões
Meia selha de lágrimas.
Meio copo de água
Meia tigela de sal
Meio homem de mágoa.
Meio coração destroçado
Meia dor a sofrer.
Meio ser enganado
Num homem inteiro a morrer.
11/4/1975
Todos os poemas deste blog, assinados com pseudónimo de ROMASI ou Rogério Martins Simões, estão devidamente protegidos pelos direitos de autor e registados na Inspecção-Geral das Actividades Culturais IGAC - Palácio Foz- Praça dos Restauradores em Lisboa. (Processo 2079/2009). Se apreciou algum destes poemas e deseje colocar em blog para fins não comerciais deverá colocar o poema completo, indicando a fonte. Obrigado