Pára
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(óleo sobre tela Elisabete Maria Sombreireiro Palma)
(óleo sobre tela de Elisabete Sombreireiro Palma)
ENVOLTA
(Rogério Martins Simões)
Envolta em silêncios e flores
Como se as flores te cobrissem de pétalas
Eu te chamei deusa.
Quando o meu olhar era de cristal.
Percorriam os teus seios, colar escarlate,
Desvarios recortes de porcelana
Estavas linda!
Partilho estes jardins de sombras
deliciosas
Contagiam-me as serenas manhãs,
os frutos selvagens
e enamoro-me das estrelas.
Noite fora sou um viajante
Percorro silêncios,
escuto os meus passos nas vielas.
Que seria de mim se não te
reencontrasse!
Sabes a morango selvagem!
Sabes a cravo e a canela!
Se partir voltarei
Envolto em luz
Te cobrirei de pérolas
(Te chamei de musa)
E serei como a brisa,
Aragem,
Perpétua e ondulante
O sol penetrante na tua janela.
24-03-2006
O BOND
Nunca escrevi um poema sobre animais, apesar de todos os dias escutar... histórias ao nosso cão.
Hoje, quando vi uma fotografia de um gato, recordei-me do nosso gato “O Bond”.
O Bond entrou em nossa casa depois de ter sido abandonado... Mas a história começa assim:
Certo dia a minha esposa, que gosta muito de animais, chegou a casa transportando numa caixa, um enorme gato, “O Bond”.
Confesso que não queria ter um gato com medo… dos nossos dois cães, “podengos anões”.
Para mim, cão era cão e gato era gato.
Preferia os cães, porque contavam histórias… e eu gosto muito de ouvir contar histórias sobre animais.
Só que pela minha cabeça nunca tinha passado… ter um gato.
Então o gato que sabia - que eu sabia - que nas histórias de cães há sempre gatos, começou a conquistar-me:
Saltava para a secretária do computador e colocava-se entre o teclado e o monitor para dar nas vistas...
Perdi-me pelo gato! Ou melhor, o gato conquistou-me e comecei a escutar contos de gatos onde, também, havia pássaros e cães.
Após um dia de trabalho era com imensa alegria que encarava o regresso a casa. Vinham todos à porta para me receberem - os cães e o gato.
É engraçado! Nunca faziam queixinhas...
A par destes três animais domésticos existem bandos de pardais, que a minha esposa recebe, na varanda virada ao Tejo.
Todos os dias os pássaros vêm em bando para comer arroz partido, a que chamam “trincas de arroz”, e é uma algazarra.
É nesta história que entra o Bond.
Já tinha avisado a minha companheira que o gato se lambia muito quando o ouvia contar histórias sobre pássaros.
Por isso, o Bond, quando apanhava a varanda aberta passeava-se pelo parapeito do 8º andar numa passada precisa e, como era grande, para não espantar a passarada era logo recolhido.
Era uma alegria ver o gato, sentado na mesa da sala, contemplando os pássaros, pela janela, numa varanda virada ao Tejo.
Quem olhasse para o gato nunca adivinharia outra intenção, senão, apanhar os pássaros.
Certo dia a minha esposa deixou a janela do nosso quarto aberta e o Bond quis voar como um pássaro...
Chorei!
Mas, como nesta história real entram cães, posso afirmar que não mais os ouvi falar mal dos gatos.
Acabo como comecei.
Nunca escrevi qualquer poema sobre animais. Escrevo e sempre escrevi “poemas de amor e dor”, porém, não irei esquecer, tão depressa, as fábulas que ouvia contar ao nosso gato e à nossa cadela que já partiram.
Resta-nos, agora, um podengo anão. Está velhote, dorme que nem um cão e repete sempre as mesmas histórias que já conheço...
Não disse o nome do nosso cão.
É segredo!
Sabem! Quando sussurram o seu nome ele acorda!
Rogério Simões
29-12-2004 23:38
(reposição)
(Retratos da alma e do poeta no éden do encantamento)
(Óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
( Elisabete Sombreireiro Palma a pintar)
Segredos, meu amor
(Rogério Martins Simões)
Segredos, meu amor
Hoje te quero revelar!
Se pudesse te daria o mundo:
A eternidade, meu amor profundo
Os poemas de amor - sem dor
Num canto belo se soubesse cantar!
Cantar, cantavas tu…e tão bem!
Pintar é a tua actual inspiração!
Reservo para ti também:
A poesia! Meu amor-perfeito;
Tempo de pausa e meditação!
A fantasia de alguém
Imperfeito!
Carente, terreno e pensante!
E se em momentos de inspiração
Parto por aí algo errante
Numa completa e intemporal dação
(Mas quente e vertical entrega)
Seja breve e que encante!
Minha alma nesse instante sossega.
26-05-2004 23:29
(Autor Mestre Real Bordalo)
A ESPAÇOS NADA ENTENDO
A espaços nada entendo
É como se tudo desaparecesse
Todo o universo se juntasse
E ao mesmo tempo nada existisse.
Quem sou eu afinal?
Que faço eu aqui?
Quem vai ler o que escrevo
Se nada existe ali…
Estarei por certo mal
É como se tudo parasse
E na calmaria só o vento...
-Vento! o que és afinal?
-O vento vira furacão
E faz da cidade um lugar.
Aluga-se o meu pensamento…
Cede-se um espaço ao luar
Penduro-me na cabeça do momento
E vou por aí a navegar
A terra é redonda
A lua está ao alcance da mão
O espaço não se monda
Tudo junto, tudo certo
Céu aberto
Como o meu coração
Que no meu corpo manda
E desanda…
A minha alma vai e vem
Vem! Sou um simples mortal
Quando, sem esperança final,
Toda a esperança se tem...
09-09-2005 20:19
(Óleo sobre tela - Elisabete Sombreireiro Palma)