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A PRAIA É MINHA
Rogério Martins Simões
A praia é minha
Gritei
Não é
Respondia
a onda do mar
Que a praia varria
A praia é minha
Bradei
Não é
Dizia
A areia da praia
Que aos meus pés luzia
A praia é minha
Clamei
Não é
Respondia
A gaivota
Que no ar se erguia
A praia é minha
Murmurei
Enquanto do alto
Na praia
O corpo revia…
E uma mulher
Ali mesmo
na praia
Na praia paria
A praia é minha
Chorei
E renascia…
Meco, Praia das Bicas 17/11/2009
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspeção-Geral das Atividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
Rogério Martins Simões
Escondo a mão,
Qual a razão
Do alvoroço?
Todos me olham!
Todos reparam!
Que trapalhada:
(se fosse canhoto
Disfarçava…)
Treme a mão!
Treme o garfo!
Não tenho fome!?
Peço um café.
Sofro!
6/2004
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
EFIGÉNIA COUTINHO
PARABÉNS
Rogério Martins Simões
Mais um dia, mais um ano,
Com muitas alegrias p´ra viver,
Seja assim, até descer o pano,
Com este seu amigo a ver.
Feliz aniversário com casa cheia,
Com amor para dar e receber,
Pois cacos e trapos são areia…
Que melhor presente poderá ter?
Um forte abraço e votos de felicidade
Com casa cheia de amor, amizade e muita saúde
São os votos deste seu amigo,
ROMASI
A BELEZA DA VIDA
Efigênia Coutinho
Dedicado a todos pela passagem do meu Aniversario
A beleza da vida, não depende
da quantidade das flores recebidas
mas sim do seu aroma que vai colorindo
de Felicidade transmitida por cada um
dos amigos aqui presentes ao presente dia!·
Assim é a Felicidade, uma variedade
de muitos momentos que colhemos ao
longo desta passagem chamada Vida!
Pequenos gestos tornam-se grandiosos
diante da grandiosidade de vossos corações!
A vida fica melhor quando se tem bons amigos
para compartilhar e celebrar a própria vida com
suas realizações e suas alegrias, sonhos e felicidades.
OBRIGADA A TODOS VOCÊS QUE FESTEJARAM
AO MEU LADO ESTE DIA 15 - 07 - 2011
Efigênia Coutinho
Foto de Rogério Martins Simões
RESGATE
ROMASI
Rogério Martins Simões
Durante tantos anos
Pensava,
Cá para mim,
Em silêncio,
Baixinho, assim:
Ai como sofro!
E escrevia!
Depois rasgava!
Resgatava a minha dor...
1975
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspeção-Geral das Atividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
Versos de amor
Rogério Martins Simões
Logo! Logo muito cedo,
Irrompe a luz, sem medo,
E descobre meu olhar.
Entra, sem bater à porta,
Quando o sol conforta:
Lembranças a despontar.
Em cima da velha mesa
Eu tinha a roupa presa
Com o prato da merenda:
Manteiga e pão escuro;
Que o branco era duro,
E só pela encomenda...
Solto os meus pés à légua
Que, na escola, a régua
Não aceita a demora...
Quisera, então, aprender,
A ler, para escrever,
Os meus poemas de agora.
Revejo, neste caminho,
Meus pais, com tanto carinho,
Neste nosso trilho em flor.
Volta o sol, que me beija,
Nesta manhã, que cereja,
Em meus versos de amor.
Lisboa, 30-10-2010 22:33:19
De acordo com a Lei os direitos de autor estão protegidos,
independentemente do seu registo.
(A registar no Ministério da Cultura
- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
(Terras ao abandono na Beira Baixa)
LOBO… QUE COMER NO QUE RESTA DA ALDEIA?
Rogério Martins Simões
Lobo não venha comer a minha ovelha…
Tenha cuidado que eu faço fogueira.
Cruzes canhoto que vem por aí a velha…
Lobo não coma a noz verde à nogueira…
Tem noite que a noite é vermelha.
Credo! Abrenúncio! Vem aí a feiticeira…
Ferradura na porta; corno na telha…
Lobo não coma o figo verde à figueira…
Lobo não volte para roubar o nosso pão.
Menino homem só tem medo do papão…
Lobo que comer no que resta da aldeia?
Loba… que vai ser de ti e da tua alcateia…
Dói-me a barriga de comer tantas amoras:
Cresceram as silvas, os matos e as horas…
04-07-2005
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
AMANHÃ É DIA DOIS
Rogério Martins Simões
Carrego em mim estes dias marginais,
Que se arrastam mas parecem iguais,
Tão diferentes o são, pois,
Até ao escrever alago as rimas.
Amanhã é dia dois!
Limpo as minhas mãos transpiradas,
Esgota-se a fonte das minhas lágrimas.
Tenho novamente as mãos suadas.
Porque amanhã é dia dois…
Já passaram por mim tantos dias…
Mas estes, ao passar, fizeram doer!
Que diagnóstico me fará mais sofrer?
Pois só de pensar pensando sofrias:
Amanhã é dia dois!
Ide oh tristezas, pois, quero que rias,
Deixai comigo o meu corpo que resta,
Os exames na mão, com esperança esta
De voltar a chorar por mais alegrias.
Passa depressa oh dia dois…
Lisboa 01/08/05
(Registado no Ministério da Cultura
Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09)
VOLTO A SACUDIR OS OLHOS…
Rogério Martins Simões
Volto a sacudir os olhos na escrita.
Por agora tenho o caderno e a mente.
Tenho tudo para ser feliz…
– Por uma hora…
Uma criança chora!
Chora, não sei.
Chora sempre!
Deram-lhe tudo para ser feliz…
Quem mente?
As ondas varrem a cidade
Que flutua
Num extenso areal adornado de adereços…
Volto ao caderno.
Não escrevo! Ligo palavras, sílabas.
Que sílabas?
Tinha tudo para ser feliz,
Por um tempo inútil,
Onde tudo não passou
De uma forte gargalhada de dor.
Doem-me as palavras rasgadas,
Tramadas.
Dói-me esta dor que se expande num tempo
Que me tinham reservado para ser feliz.
Sigo no tempo ou pegarei no tempo?
Que sinto?
Alguém falou?
Alguém deu nas vistas?
As vistas curtas confundem as próprias vistas!
Não viste nada. Desandas!
Se ando por fora dos papéis voo nas vistas.
Se conseguisse andar daria nas vistas…
Estou sentado numa cadeia de ferros.
Tenho o caderno afundado numa teia de ferro:
A ferro e fogo.
Já fui fogo,
Água e gelo.
Gelo os meus pensamentos…
Que faço destas mãos!
Levaram as sementes do meu campo de trigo
Trinco sementes de girassol
Neste cantar de desabrigo…
Estou fechado no prédio móvel
Que é meu corpo.
Que dilema:
Perdi as forças ou estou num colete-de-forças?
Volto a olhar para dentro.
Olho o meu corpo.
Conheço a idade do meu corpo.
Não estou mal para a sua idade…
Que idade tenho?
Quero fugir de mim,
Dão-me dose dupla…
Se conseguir sobreviver
Saberei viver?
Viverá quem já não goste da vida?
Que vida? Fechada neste cadeado?
Movimento a dose dupla e volto a andar;
Subo o patamar da mente
e desço de andar na escrita…
Meco, Praia das Bicas, 12 de Julho de 2009