ESTRELAS PARA MINHA MÃE
Rogério Martins Simões
Mãe! Que não sabe ler nem escrever:
Onde aprendeu a ler, todos, os meus ais?
Mãe! Que bem cedo teve de sofrer.
Mãe que tanto nos deu, e tanto me dais.
Mãe! Por que não a deixaram aprender,
Se está sempre tão atenta aos sinais…
Mãe que doando me ensinou a viver,
Para que amando nos amemos mais.
Se o amor é o néctar da poesia,
Minha mãe, lhe dedico neste dia,
Estes sentidos versos do meu amar.
Mãe! Passe suas mãos pelo meu peito,
Que este seu filho até já perdeu o jeito:
E tinha tantas estrelas para lhe dar…
Meco Café, 02/03/2016 22:14
Poemas de amor e dor
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publicado às 22:29
CAEM LÁGRIMAS
(Rogério Martins Simões)
Rolam-me na face,
Caem no chão,
Secam com o vento,
As lágrimas tristes
Do meu coração!
Continuo escrevendo,
Versando tua beleza,
Apenas interrompido
Por longos suspiros
Da grande tristeza
Do meu coração!
E, se depois penso…
Que jamais serás minha:
Rolam-me lágrimas
Pelo rosto molhado
Caem no chão!
Secam com o vento!
As lágrimas tristes
Do meu coração.
Escola Comercial Patrício Prazeres,
Lisboa, Abril de 1968
(Registado no Ministério da Cultura
Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09)
Publicado em Livro:
in “GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO”,Página 54
Poemas de amor e dor
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publicado às 22:51
CHORA TRISTEZA
Rogério Martins Simões
- Atravesso os muros que derrubam os silêncios…
A agonia morre emparedada…
- (cobardes, abutres,
Corja repugnante da sociedade…)
- Chora tristeza que o menino
Perdeu as asas para voar…
Morre vileza,
Que ao passarinho
Nem o deixaram cantar...
- Bruxas, adivinhas e contos de fadas:
Nem os deixaram escutar...
- Chora tristeza
Que o menino
Lágrimas não tem para deitar…
…Nem tem como fugir...
Meco, 25-06-2011 18:14:12
(Registado no Ministério da Cultura )
PUBLICADO
Simões, Rogério, in “GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO”,
(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2014)
ISBN 978 989 51 1233 3
Poemas de amor e dor
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publicado às 12:11
Versos de amor
Rogério Martins Simões
Logo! Logo muito cedo,
Irrompe a luz, sem medo,
E descobre meu olhar.
Entra, sem bater à porta,
Quando o sol conforta:
Lembranças a despontar.
Em cima da velha mesa
Eu tinha a roupa presa
Com o prato da merenda:
Manteiga e pão escuro;
Que o branco era duro,
E só pela encomenda...
Solto os meus pés à légua
Que, na escola, a régua
Não aceita a demora...
Quisera, então, aprender,
A ler, para escrever,
Os meus poemas de agora.
Revejo, neste caminho,
Meus pais, com tanto carinho,
Neste nosso trilho em flor.
Volta o sol, que me beija,
Nesta manhã, que cereja,
Em meus versos de amor.
Lisboa, 30-10-2010 22:33:19
Simões, Rogério, in “POEMAS DE AMOR E DOR”,
(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2019)
1ª edição: Agosto, 2019
ISBN: 978-989-52-6450-6
Depósito Legal n.º 459328/19
Poemas de amor e dor
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publicado às 19:17
POR QUE SOU TRISTE?
Rogério Martins Simões
Saber, quero saber por que sou triste?
Querer, por mais querer, o riso ensejo.
Chorar? Não mais chorar é meu desejo.
Saber por que razão meu choro insiste?
No meio deste silêncio, e que persiste,
Razão tem a razão em que me revejo.
Chorar será o clamor do meu arpejo.
Saber, quero saber em que consiste.
Perguntei ao meu rio Tejo, a soluçar,
Que me desse a razão deste meu estar:
Saber, quero saber que fiz de errado?
Sorrindo para mim para que o visse,
Cuidai desse teu riso, e mais me disse:
- Chorar, e mais chorar, será teu fado…
Meco, Praia das Bicas, 2013-12-12
Simões, Rogério, in “GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO”,
(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2014)
Poemas de amor e dor
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publicado às 21:51
TRISTEZA NO MEU OLHAR Rogério Martins Simões
Quanta tristeza tem este meu olhar.
Que aos poucos vai morrendo: que viver?
Se lentamente passo este sofrer:
Neste viver, assim, sem desejar.
Já passei tantas datas por datar…
Mais que os anos, perdidos, sem os ver
Que para mais estar, e sem morrer,
Na morte vive quem mais esperar.
Que não seja por mim a pouca sorte,
Pois que, neste meu invólucro de morte,
É na vida que a alma se deslinda.
E neste desespero em que me vejo,
Minha alma, num momento de sobejo,
Recorda-me que não quer partir ainda.
Meco, 05/03/2015 19:30:42
Simões, Rogério, in “POEMAS DE AMOR E DOR”,
(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2019)
1ª edição: Agosto, 2019
ISBN: 978-989-52-6450-6
Depósito Legal n.º 459328/19
Poemas de amor e dor
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publicado às 17:34
HERDEIROS DO MEDO Rogério Martins Simões
Derramam-se palavras incertas,
Presságios e angústias certas,
Das terras ao mar profundo.
Com que prece fogem do medo,
Os heróis do sobressalto, a salto
Das guerras dos senhores do mundo.
Soa um alarme que se solta,
Há náufragos no alto mar.
É tarde e só estará de volta
A onda para os levar…
Somos os filhos do medo,
Que levámos aos confins do mundo.
Com que fim se desdobra
A angústia e o mau presságio
Heróis do sobressalto, a salto
Através do mar profundo?
São os herdeiros do medo
Heróis sacrificados, deserdados
Nas mãos dos senhores do mundo.
Campimeco, Meco, 06/02/2018 15:28:14
Simões, Rogério, in “POEMAS DE AMOR E DOR”,
(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2019)
1ª edição: Agosto, 2019
ISBN: 978-989-52-6450-6
Depósito Legal n.º 459328/19
Poemas de amor e dor
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publicado às 21:17
POBRE HUMANIDADE
Romasi
Rogério Martins Simões
Ah génio do homem apodrecido…
Ai do homem em palácios… deitado
Convencido que o seu irmão desaparece.
Ai de mim, eu, sabiamente letrado,
E em paz deixado,
Convencendo os outros do nada.
Pobre humanidade
Estrelada de ilusões e ofensas
Passeando em cachos
Ao sabor da corrente…
Tu e eu seremos
Espancados com a razão…
Se acordarmos amanhã…
Odivelas 24/04/1974
(Registado no Ministério da Cultura
Inspeção-Geral das Atividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09)
Poemas de amor e dor
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publicado às 19:32
O MEU FADO MAGOADO
Rogério Martins Simões
O meu fado magoado
Passa o dia a noite inteira
A trinar numa guitarra
O meu fado que é tão triste
Percorre as velhas tabernas
Bebendo por todo o lado.
Se tarde tarda a noite
Acorda num sobressalto
Toda a minha fantasia
Das ruas do Bairro Alto
Corro a ver ao Castelo
Para de lá nascer o dia.
Há sempre numa viela.
Há sempre no meu olhar
Tanta vida, tanta fama
Um pintor com sua tela.
Um puto no seu andar
Nas ruas tristes de Alfama.
Agora que rompeu o dia
Adormece num vão de escada
Este fado madrugado
Desde a Bica à Mouraria
Escrevem mais poesia
Porque afinal à noite há fado.
Lisboa 9/2/1979
(O direito de autor é reconhecido independentemente de registo,
depósito ou qualquer outra formalidade
artigo 12.º do CDADC. Lei 16/08 de 1/4)
(A registar no Ministério da Cultura
- Inspeção-Geral das Atividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
Poemas de amor e dor
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publicado às 22:57
National Geographic Photos
ABRIGO…
Rogério Martins Simões
Cerquei o meu abrigo,
Com janelas voadoras
Para afastar o perigo
Das almas sonhadoras.
Da janela irrequieta,
Perto dos olhares sofridos,
Há uma porta secreta
Por onde passam os caídos.
Descalço as minhas meias
Para arrumar as ideias:
A paz percorre-me as veias.
O sangue tinge as areias:
O Mundo tem armas a mais!
É Natal
Um menino Nasceu em Belém
Querem matar o Menino
No colo de sua mãe
Estou tão só nesta luta…
Clamo por Deus que escuta
E Deus não vem!
Meco, 17/12/2019 23:55:33
Poemas de amor e dor
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publicado às 00:08