Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA
Poeta: Rogério Martins Simões
Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004
Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda
Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA
Poeta: Rogério Martins Simões
Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004
Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda
Escrevo em quinta-feira Santa, memórias de um tempo passado na Igreja de S. Vicente de Fora e eu era tão feliz.
Basta olhar para as fotos que tenho no álbum, de S. Vicente de Fora, para se perceber que a amizade era e é um bem ao alcance de todos – basta querer.
Memórias dos diversos anos quando, chegados à sexta-feira Santa, se desnudavam os altares, sob os nossos olhares, enquanto os santos de cara e corpo tapado com pano roxo assistiam...
Recordo-me de uma cena interessante. Certa Sexta-feira Santa uma paroquiana activa, devota, queria lavar os santos com vinho. Estão mesmo a ver a cara do nosso prior que recusou a oferta. Que era tradição lá da terra dela… Que desperdício! Mas que risadas ganhámos naquele instante.
Hoje quando me lembro desse dia, passado recente mas não longínquo no tempo, vemos que muito mudou. Páscoa feliz! Que Páscoa? Aquela que nos abona uns quantos feriados? Ou aquela cuja razão se torna hoje quase imperceptível?
Bom! Depois de amanhã para a tristeza e lá vamos nós, antigos amigos e paroquianos, em pensamento recordar aqueles instantes, aqueles momentos, quando à porta de S. Vicente o Padre Cunha acendia o Lume Novo seguido de acto religioso solene a que o povo dava o nome da “Missa do Galo” (E o galo cantava três vezes enquanto Pedro renunciava a Jesus).
Tempos inesquecíveis que a memória não esquece! E tudo terminava alta madrugada em casa do Padre Cunha, bebendo uns cervejinhas e petiscando o que tinha, enquanto ficava no ar o belo canto perfumado da Amália, ou de uma boa música clássica aqui e além explicada pelo querido e saudoso Padre Cunha: Agora os fagotes! Agora respondem os violinos, as tubas, os tambores ou os violoncelos.
Depois percorríamos em grupo as ruas proibidas, mas não despidas de segurança, cantando com alegria: Aleluias.
Pelo meio-dia, do dia de Páscoa, voltámos a vestir as túnicas brancas, símbolo da nossa pureza, em comunhão com os paroquianos muitos dos quais já partiram na esperança da ressurreição.
Era um vez um menino traquina, de seu nome Rogério, que foi fotografado nos claustros da Igreja de S. Vicente de Fora a "fazer festinhas" ao espertalhão de um corvo chamado “Vicente”.
O Corvo era a mascote do Padre José Correia da Cunha e o menino, "desconfiado", colocava a mão a medo para a “fotografia”.
O Corvo “Vicente”, que se sentia protegido pelo Prior, tornara-se altivo e ao mínimo descuido bicava "na canalha" - nos putos.
Ao lado do Panteão Real da Casa de Bragança ficava o “Pátio dos Corvos” onde vivia desterrado o outro corvo – O corvo “Valério”.
Mas o corvo “Valério” era amigo dos jovens cicerones - dos putos. E os putos gostavam do Valério!
Então, o corvo “Valério”, para demonstrar a sua lealdade pelos meninos, e rapazolas, que o soltavam para andar livremente pelos claustros do Mosteiro de S. Vicente de Fora, saltava para cima dos seus sapatos e desfazia o laço aos atacadores.
Era uma atração p´ro turista, por isso passeava pelos claustros onde petiscava com os “putos” tremoços, pevides, amendoins e outros afins comprados com as gorjetas dos turistas.
Entretanto, o corvo “Vicente” ficava pela sala paroquial onde petiscava do pequeno-almoço na companhia do Prior.
Certo dia, o corvo “Vicente”, apareceu afogado numa velha e abandonada “pia Batismal, nos claustros do primitivo convento, e nunca se veio a saber as causas da sua morte…
AH! A foto…
No dia da foto o corvo “Vicente” apareceu nos claustros e teve sorte: ficou na fotografia…
(Retratos da alma e do poeta - S. Vicente de Fora)
Já passaram 46 anos?! Que tragédia! Que trauma o foi para todos nós, jovens da mesma idade, amigos inseparáveis, acólitos e catequistas na Igreja de S. Vicente de Fora.
Eu ia ao seu lado!
Nascemos no mesmo ano, eu a 5 de Julho, e o Hernâni (NÃ) a 29 de Setembro de 1949. À data dos acontecimentos tinha completado os meus 16 anos de idade e recordo que nos preparávamos para a grande festa dos 16 anos do Nã.
Recordar esta tragédia é lembrar um dos acontecimentos mais traumatizantes da minha vida e da vida daqueles que presenciaram, incrédulos, o que ali estava a acontecer. Sim, mesmo ao nosso lado.
Regressávamos de mais uma viagem na camioneta do Patronato. Todo o dia fora divertido, porque, nesse tempo, contentavam-nos com pouco – os nossos pais não tinham viatura, e ir numa excursão à praia das Maças; ao Guincho, a Vila Viçosa, ou a outro local programado, era sempre um motivo para nos fazer felizes. Tudo correra com normalidade e lá estávamos nós amontoados ao fundo da camioneta. Muito cantámos, mas o artista era o Hernâni.
Recordo o momento em que a camioneta chegou ao campo de Santa Clara, local onde se faz a feira da ladra.
Lembro-me da viatura começar a entrar por aquele estreito e maldito portão.
Recordo-me de ver os putos pendurados no estribo da camioneta, ali mesmo ao nosso lado, na sua parte traseira.
(FEIRA DA LADRA)
REAL BORDALO
Ainda estou a ver o Nã a gesticular para os garotos e a pedir-lhes para que fugissem; para que não ficassem entalados entre a camioneta e o portão que dá acesso à parte inferior do antigo Mosteiro de S. Vicente de Fora.
Recordo o momento em que o Hernâni colocou a cabeça de fora tentando com o braço a afastar os putos. A camioneta a entrar lentamente, uma eternidade, arrastando e esmagando a cabeça do Hernâni contra o portão de ferro.
De o ver cair a meu lado o corpo do Hernâni, jorrando sangue.
Vejo-me a chorar e a correr para a Igreja a rezar e a passar em revista os tempos felizes que vivemos e o dia em que nos conhecemos:
“Desde menino, quando apenas conhecia os anjos, já escutava na telefonia a bela voz da Amália. A Minha mãe lavava a roupa no tanque, num saguão de uma casa na freguesia de S. Vicente de Fora, e cantava desconhecidas cantigas da Beira Serra.
Fui crescendo e um dia, no início dos anos 60 do século passado, descobri por acaso os caminhos que me conduziram, durante muitos anos, à Igreja de S. Vicente de Fora.
A luta pela vida era tremenda! Levantavam-se pelas 4 horas da manhã, apanhavam o elétrico que os levava à Praça da Ribeira onde se abasteciam de legumes com que governavam a vida no mercado de Santa Clara. Pela primeira vez entrei nos claustros do Mosteiro de S. Vicente de Fora.
Andava eu pelos claustros do Mosteiro quando, em cima da hora das cerimónias de posse do novo pároco, faltou à chamada um menino do coro! Mas… o Padre Cunha fazia questão em ter doze rapazes! Doze eram os Apóstolos e ele só tinha 11.
Tudo tinha sido verdadeiramente programado, ensaiado ao mais pequeno detalhe: os mais pequenos à frente! Tudo em carreirinha, em duas filas! – Túnicas novas feitas por medida! Sobrava uma! Era grande - como ela tivesse sido feita de propósito para mim!
Pois bem! Não é que fui pescado quando por ali andava perdido…
Vestiram-me uma túnica branca.
Cingiram-me com um cordão vermelho.
Em poucos minutos ali estava eu, menino do coro repescado, a caminho do Altar, lado a lado com o meu bom e saudoso amigo, Hernâni Anunciação Santos”
(à porta da Igreja de S. Vicente de Fora - Anos 60
Volto aos acontecimentos desse trágico dia:
Entrei na Igreja em convulsão. Ajoelhei-me e pedi a Cristo e aos santos para salvarem o Nã – e ELES não me quiseram ouvir…
A partir daí deixámos de escutar o seu belo canto no átrio da Igreja de S. Vicente de Fora.
Não mais esqueci aquela tragédia – Tinha então 16 anos de idade. Talvez por isso, quando nos juntamos, todos cantamos a mesma canção. Assim, e enquanto houver memória, haveremos de cantar, recordando-o, a sua canção: “A FONTE DA MINHA ALDEIA”
Passam no próximo dia 24 de Setembro 93 anos do seu nascimento, que como todos
sabemos era o dia 24 de Setembro 1917 e não a 26 de Setembro, como consta nos
documentos oficiais de identificação.
Com a presença do prestigiado organista francês Robert Descombes, que nos anos
60 e 70, a pedido de Padre Correia da Cunha, deu vários concertos, no majestoso
órgão da Igreja de São Vicente de Fora, um grupo de amigos realiza no próximo
dia 24 de Setembro, uma HOMENAGEM DE GRATIDÃO expressando um vivo reconhecimento
a este grande, homem, mestre, capelão e padre… que tanto contribuiu para a
formação cristã e humana de várias gerações.
PROGRAMA 16.00 Horas – Romagem ao mausoléu dos seus restos mortais, no Cemitério
do Alto de São João (Rua 57ª – 36831)
19.00 Horas – Concentração nas escadarias do Mosteiro de São Vicente de
Fora.
20.00 Horas – Jantar no Restaurante Mercearia Vencedora Avenida Infante Dom Henrique Doca do Jardim do Tabaco, Pav. A/B – (Parque estacionamento)
WWW. Merceariavencedora.com
Agradecemos a vossa confirmação para o email: joaopaulo.costadias@gmail.com
Já não está connosco, mas naquela data, queremos aproveitar para agradecer a
Deus ter-nos concedido este grande zeloso capelão e prior que no desempenho
dessas suas nobres missões deixou uma obra tão sólida que ainda hoje perdura,
tão vasta que provoca a tantos anos de distância, os nossos quentes aplausos de
PARABÉNS!
(1) - Robert Descombes é titular e conservador do órgão d'Orgelet, um dos mais
antigos instrumentos de Franche Comte, e um dos poucos instrumentos do século
XVII, existente em França. Como tal, é uma das grandes jóias da sua cidade. Pela
sua enorme reputação, que vai para além das fronteiras, já recebeu visitas
regulares de organistas de todo o mundo. Os organistas são pessoas de grandes e
eternas paixões. Este grande organista titular e grande apaixonado pelo
maravilhoso órgão de São Vicente de Fora, nutria uma profunda amizade por Padre
Correia da Cunha.
(João
Paulo Dias)
(Fotografia
da Igreja de S. Vicente de Fora
Rogério Simões)
VESTIRAM-ME UMA TÚNICA BRANCA E CINGIRAM-ME COM UM CORDÃO
VERMELHO
Rogério Martins Simões
Desde menino, quando apenas conhecia os anjos, já escutava, na
telefonia, a bela voz da Amália. A Minha mãe lavava a roupa no tanque, num
saguão de uma casa na freguesia de S. Vicente de Fora, e cantava desconhecidas
cantigas da Beira Serra.
Fui crescendo e um dia, no início dos anos 60 do século passado,
descobri por acaso os caminhos que me conduziram, durante muitos anos, à Igreja
de S. Vicente de Fora.
Tinha então onze anos! Meus pais, com raízes Cristãs, não
frequentavam a igreja nem obrigavam os filhos a irem à missa.
A luta pela vida era tremenda! Levantavam-se pelas 4 horas da
manhã, apanhavam o eléctrico que os levava à Praça da Ribeira onde se abasteciam
de legumes com que governavam a vida no mercado de Santa Clara. Era um tempo em
que aqueles mercados pululavam de gente; em que os espaços reservados aos
pequenos comerciantes (lugares e pedras) eram disputados e bem pagos nos leilões
do Município de Lisboa.
- Antes carregar duas sacas de batata cruzadas à cabeça que andar
com um molho de mato e a passar fome! - Dizia minha mãe.
Recordo que trabalhavam duramente toda a semana e o único dia que
lhes restava para descansarem era o Domingo. (Talvez aqui esteja a explicação
para não serem assíduos frequentadores da igreja).
- Rogério! Estamos os dois para aqui fechados em casa! - Dizia o
meu pai, ainda na semana passada, e continuava:
- Se não fosse o Santana Lopes a mandar fechar o mercado de Santa
Clara a tua mãe e eu, mesmo com os meus 86 anos, ainda estaríamos vendendo
frutas e hortaliças, convivendo e vivendo, no Mercado de Santa Clara.
Têm razão os meus pais. Os mais velhos só servem para votar, e
aí, sim - até os vão buscar aos lares ou às suas casas! Quanto ao mercado de
Santa Clara era, e foi, parte integrante das suas e das nossas vidas. Fecharam o
mercado! Está às moscas! É um espaço morto.
Volto aos meus onze anos.
Frequentava, então, o Liceu Nacional de Gil Vicente quando pela
primeira vez entrei nos claustros do Mosteiro de S. Vicente de Fora.
Nesse tempo as portas estavam abertas e, tirando o Panteão Real
da Casa de Bragança que tinha segurança, tudo aparentava um completo abandono e
desleixo.
Foi assim que conheci o Mosteiro de S. Vicente de Fora.
Comecei a caminhar para lá - até que um dia, quando frequentava a
escola comercial, Deus colocou no meu caminho o caminho para a Igreja Católica.
Por coincidência, ou não, era o dia em que o Padre Cunha tomava posse como
Pároco de S. Vicente de Fora.
A história conta-se assim:
Andava eu pelos claustros do Mosteiro quando, em cima da hora das
cerimónias de posse do novo pároco, faltou à chamada um menino do coro! Mas… o
Padre Cunha fazia questão em ter doze rapazes! Doze eram os Apóstolos e ele só
tinha 11.
Tudo tinha sido verdadeiramente programado, ensaiado ao mais
pequeno detalhe: os mais pequenos à frente! Tudo em carreirinha, em duas filas!
– Túnicas novas feitas por medida! Sobrava uma! Era grande - como ela tivesse
sido feita de propósito para mim!
Já não recordo o nome do meu antigo Professor de Religião e Moral
do liceu de Gil Vicente que ia concelebrar na missa, (Padre Lobo?) porém, foi
ele que aconselhou o Padre Cunha: o Rogério, seu antigo aluno, podia substituir
o 12.º menino do coro.
Pois bem! Não é que fui pescado quando por ali andava perdido…
Vestiram-me uma túnica branca.
Cingiram-me com um cordão vermelho.
Em poucos minutos ali estava eu, menino do coro repescado, a caminho do Altar,
lado a lado com o meu bom e saudoso António Melo e Faro, ocupando um lugar na
última de duas filas.
-Faz o que eu faço. - Dizia o Melo. E fiz!
Foi assim que Deus chamou por mim! Foi a minha primeira ida
voluntária à missa tendo sido o único menino do coro a não comungar nesse dia…
Bem! A história já vai longa e ainda a procissão vai no adro… Vou
terminar por hoje.
A partir desse dia tornei-me um efectivo membro daquela
comunidade!
A partir desse dia comecei a frequentar a catequese. Fui bem cedo
catequista e até dirigente diocesano da JOC.
A partir desse dia passei a apreciar ainda mais a bela voz da
Amália no gravador de fita do bom Padre Cunha!
A partir desse dia comecei a escutar e a gostar de música de
órgão tocada no grande e extraordinário órgão de S. Vicente de Fora!
A partir daí, e nos tempos livres, passei a ser cicerone do
Panteão da Casa de Bragança e, com as "gorjetas", adquiri os meus primeiros
livros dispensado pedir dinheiro a meus pais para os meus gastos:
A partir daí tomei o gosto pela história, nomeadamente, pela vida
e obra dos Monarcas que ali repousam: desde D. João IV até ao rei D. Manuel II.
A partir desse dia comecei a aperfeiçoar a minha formação moral e
tudo graças a um Homem extraordinário – polémico, certamente, para muitos –
Obrigado Padre José Correia da Cunha.
Rogério Martins Simões
(O Padre José Correia da Cunha foi Pároco da Igreja de S. Vicente
de Fora, paróquia de muitos dos que nasceram no Concelho da Pampilhosa da Serra)
(Foto tirada pelo autor deste blog no Panteão Real da Casa de Bragança
Túmulos do Rei D. Carlos primeiro e do Príncipe Luís Filipe
Mosteiro de S. Vicente de Fora - Lisboa
Estátua da DOR da autoria de Francisco Franco
Ao fundo o túmulo do Rei D. João IV)
O REVIRALHO
1931: ano de todas as revoltas
A Ditadura
Sabes a vida que levo
desde o dia em que te vi:
ou preso, ou então na rua,
a conspirar contra ti.
Mais uma que se perdeu,
Não vale a pena chorar.
Tanta vez hei-de bater-me,
Que acabarei por ganhar. (*)
(*)Versos escritos no tecto de um dos quartos da fortaleza-prisão de São João Baptista, Angra do Heroísmo, em Abril de 1931, cit. in A. H. de Oliveira Marques, A Literatura Clandestina em Portugal, vol. II, editorial Fragmentos, 1990, p. 260.
O autor deste blog, para além de escrever e gostar de poesia, dedicou, também, parte significativa da sua vida à Arqueologia sendo o primeiro companheiro de Fernando Eduardo Rodrigues Ferreira nas escavações levadas a cabo, desde a década de 60 do Século passado, na Igreja de S. Vicente de Fora em Lisboa.
Fernando Eduardo Rodrigues Ferreira, meu amigo de longa data, é um ilustre arqueólogo: Mestre em Arqueologia Medieval, Doutorando em Arqueologia Forense, Arqueólogo do Município de Barrancos, conservador da Exposição Permanente de Arqueologia do Patriarcado de Lisboa.
Fernando E. R. Ferreira em conjunto com outros autores publicou diversos trabalhos entre os quais “CAUSAS DE MORTE DE DAMIÃO DE GÓIS” editor: Câmara Municipal de Alenquer; “Vida e Morte na Época de D. Afonso Henriques” da Hugin Editores.
Com a sua devida autorização darei conta, sempre que puder, de parte dos seus trabalhos, nomeadamente o que está no prelo a ser editado pela Câmara Municipal de Lisboa sobre provável causa da morte de Dom João VI.
Já agora visitem o Mosteiro de S. Vicente de Fora, com tempo, demora no mínimo 2 horas, e espreitem na parte da arqueologia onde estão bastantes peças encontradas por este vosso amigo.
A par da arqueologia que espero retomar, se a Parkinson me der um pouco de descanso, reproduzirei alguns documentos históricos que estão ligados à minha profissão, nomeadamente documentos que não se encontram referenciados no Google e são bem interessantes: Fonte Os livros da Casa da Índia e os livros do “celeiro do Terreiro do Trigo”
Hoje extraordinariamente vou falar de facto da História contemporânea, que alguns podem ainda desconhecer, e a que deram o nome de “O Reviralho”.
Em qualquer motor de busca podem localizar documentos sobre este assunto, no entanto chamo a atenção para um documento on-line que pode e deve ser lido - “1931: ano de todas as revoltas” da autoria de Francisco Lopes Melo é o trabalho que se encontra disponível na internet
Este é um importante estudo sobre todas as revoltas que ocorreram em 1931 contra o Regime de Salazar. Só o facto de no estado actual se viver em democracia, em liberdade, me impede de ser mais pessimista. Mas, na verdade, existem factos históricos que devem ser tidos em conta para que não emerjam graves acontecimentos como os que aconteceram de 1931. Siga o link e leia atentamente este trabalho.
"Ao cair da noite desse mesmo dia 26 de Agosto de 1931, o Governo detinha já o pleno controlo da situação em Lisboa, regressando-se ao «viver habitualmente» na manhã seguinte, exceptuando-se um rasto de destruição e violência principalmente por acção do bombardeamento aéreo sobre áreas circundantes do forte de Almada, os 40 mortos, os cerca de 200 feridos e mais de 600 prisioneiros. Destes, 358 embarcarão, uma semana depois, sem serem julgados nem autorizados a ver as famílias, para a deportação em Timor a bordo do navio Pedro Gomes".
(Foto de 1966. Passeio no Tejo a bordo de um cacilheiro.
Grupo de amigos e catequistas em S. Vicente de Fora: Saudoso António Melo e Faro, o Mário Jorge, amiga que não recordo o nome, o Manuel Taleto e do lado direito eu, Rogério Simões)
AMIGO!
Amigo! Eu me entrego
Amigo! Eu me largo
Sem nada na volta!
Sem nada me ergo.
Sem nada me dou!
Amigo! Eu acedo
Num abraço
Num gesto
Num laço.
E sofro na tua dor
E vivo o teu cansaço
Amigo! Eu me cedo
Eu me rendo…
Eu me consagro
Eu me dou…
Num abraço
Num gesto
Num laço
Amigo! Eu vou!
Lisboa, 1969
Rogério Martins Simões
Poemas de amor e dor
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MEIO HOMEM INTEIRO
Rogério Simões
Meia selha de lágrimas.
Meio copo de água
Meia tigela de sal
Meio homem de mágoa.
Meio coração destroçado
Meia dor a sofrer.
Meio ser enganado
Num homem inteiro a morrer.
11/4/1975
Todos os poemas deste blog, assinados com pseudónimo de ROMASI ou Rogério Martins Simões, estão devidamente protegidos pelos direitos de autor e registados na Inspecção-Geral das Actividades Culturais IGAC - Palácio Foz- Praça dos Restauradores em Lisboa. (Processo 2079/2009). Se apreciou algum destes poemas e deseje colocar em blog para fins não comerciais deverá colocar o poema completo, indicando a fonte. Obrigado