EU (Rogério) EU (Efigénia Coutinho)
EU
5/07/1949
Sou do signo do caranguejo,
tenho fases como a lua:
às vezes sou
como uma ave planando ao vento;
por vezes rujo forte como um leão.
Hoje não,
estou fatigado, cansado de pensar
e o meu pensamento arrasta-me,
para o edifício azul na montanha,
onde solto as minhas pesadas mãos
com que agarram o sol.
Sempre que me sinto assim,
fico parado no tempo
à espera da rotatividade da sorte,
da esperança, de tudo e do nada...
Nasci em Julho num dia de sol.
O tempo passa depressa,
assim não pensava quando era menino,
mas pensava,
e o meu pensamento arrastava-me
para o patamar do edifício azul.
- O meu filho está com a lua!
(Dizia minha mãe)
A lua tomava conta dos meus sonhos,
estava longe e o sol beijava-me.
- Por que razão
deixamos para trás o que está perto?
Por que razão desejamos o infinito
e só nos realizamos tendo tudo?
Contudo desprezamos
e não damos conta do que está certo.
Hoje juntei o cinco ao sete.
Um de cada vez!
Tenho cinquenta e sete.
5/07/2006
EU
Tu, só e triste no meio de tanto Sol de alegria,
entre tantos cantos e tantos perfumes de amor
que fazem festa em torno de ti todos os dias!
Essa voz interna, respondi eu, com outra voz.
Naquele formigueiro humano, que agita-se
entre todas as flores tu és sempre a mais bela,
entre todos os perfumes, o que tu espalhas
em volta, é sempre o mais suave e delicado.
Em volta de ti, as rosas abrem as suas corolas
cheias de volúpia; mas tu és a mais bela de todas
essas rosas, porque a verdura fresca da tua alma é
magia, um mundo de sonhos, esperanças e alegrias!
Quando estas rosas todas estiverem mortas, tu serás
ainda mais viva, e o rosado da tua alegria o mais pleno
e a mais fecunda das sementes deixadas em todos
os corações de felicidade e esperança no amanhã!
Balneário Camboiú
2004