Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

Improviso da alma e do poeta

NationalGeographic.jpg



 

 

Improviso da alma e do poeta
(Rogério Martins Simões)
 
Dia a dia o desamor
Quebra o sentido da vida
Sofre-se em segredo
E na incerteza...
Reina a ganância,
A injustiça
O sofrimento, a pobreza
E o medo!
 
É fácil dizer:
Temos de ser solidários!
Ser… não é fácil?
A vida é tortuosa,
Manhosa
Vai tudo numa pressa.
E na pressa tudo olha
Nada se vê!
 
Olho! Nada vejo!
Olho! Nada sinto!
Olho! Olho! Olho!
Que vejo?
 
Vai tudo na pressa
À velocidade do salário.
Vai tudo na pressa
À velocidade do ganho!
E o homem virou máquina,
Computador
Autómato.
 
Mas… o luar está igual
O céu não mudou!
 
Mudou a humanidade
Que perdeu a individualidade.
Passámos a ser números,
Peças de inventário.
Desumanidade!
 
Dia a dia
Caem os valores morais
Perfilam as estatísticas
Dos ganhos:
Ganha a produção:
Ganha-se menos!
Trabalha-se mais:
Ganha-se menos!
Que importa?
Se um homem tem fome?
E se há revolta.
Que importa?
A quem importa?
Importa é o dinheiro
Ser rico,
Virar banqueiro.
 
Mas… a areia cintila no deserto!
E nem tudo o que brilha é oiro
- Não vedes o céu a irradiar?!
 
Não! A humanidade não luz:
A sociedade é egoísta,
Prolifera o desamor.
Importa é estar na "berra"
E neste egoísmo nada sobra.
Está quase a bater no fundo!
 
Estes tempos são difíceis
Só há tempo para o fútil,
Para a notícia brejeira,
Para a asneira
Para a coscuvilhice.
E nesta agitação…
A alma consome
E o corpo mata.
 
Mas o mar permanece azul!
O melro assobia
O vento vira furacão.
 
Passou o tempo…
(O tempo passa depressa)
E na pressa
Não há tempo para filhos.
Dos filhos para os avós.
Dos avós para os netos.
Dos meninos para a família!
 
Volta poesia!
Volta poeta...
Acredita...
Que estamos no Outono,
Mais logo… será Inverno,
Vem aí a Primavera
Tudo será verde… renascido,
E de volta ao lar,
Em redor da lareira
Quando o dia findar,
Os avós,
Os pais
E os netos
Recordarão histórias da vida,
Contadas sem segredos,
(Segredos bem guardados).
E desses segredos
Renascerão
Os gestos colectivos de amor
Repreendidos
E esconjurados
Os actos egoístas
De desamor.
 
E os meninos
De volta às escolas
(Sem números nas camisolas)
Pintadas a lápis de cor
Vão ter recreios doirados
Em mil e uma aventuras.
E se treparem às arvores,
Subirão à “Torre de Babel”
E todos se entenderão
Na mesma língua.
Porque a terra vai ser paraíso
E os frutos não mais serão proibidos...
 
Lisboa, 29-10-2004 22:27:03
Poemas de amor e dor conteúdo da página

ZARPA...QUE INCOMODA

 

 

 

ZARPA… QUE INCOMODA!
(Rogério Martins Simões)
 
 
O que pensas quando estás só?
Que notícias trazem de ti as horas?
Por que suspendes os minutos
e desprezas os segundos?
Secundaram a tua imagem
numa versão de cárcere.
 
Que sabem de ti os amigos?
Que dúvidas escorrem
nos confins da tua mente?
- Mentias se falasses!
Por isso nada dizes
e o silêncio incomoda.
 
Morrias se ouvisses um grito!
Chorarias
se escutasses uma criança!
Que criança tem o teu coração?
Ainda, assim, escutas
o teu próprio silêncio.
Resta-te um velho cão…
 
 
Continuas só,
escutando nada!?
Lá fora uma multidão,
danada,
apedreja um ladrão…
À luz de uma velha cidade
florescem cimentos
e as gentes passam por edifícios
construídos nos penhascos dos lucros…
Parecem feras enjauladas
que se soltam
e percorrem, na rotina,
o caminho contrário.
 
Contrariamente à sorte
não se fala na mesma língua…
O regresso é o inverso e o verso
de uma partida desesperada…
 
A todo o tempo se remexe
em papéis,
em contas,
e se contam os tostões
para pagar as dívidas!
 
Que dívida tens para com a sorte
em teres nascido?
 
Zarpa que incomoda!
Resta-te um velho cão…
 
 
Andam aos tiros nas ruas.
Apontam as espingardas
às casas vazias.
Vivem agora nos fundos…
a fugir às bombas.
Não oiço nada cá em baixo!
Não oiço nada cá em cima!
 
O hospital tresanda
a fétida melena
de sangue cozido pelo sol.
O sol não nasceu para todos!
Estendem-se redes,
pelos telhados,
para aprisionar a luz.
Falta-me a lucidez!
 
Zarpa que incomoda!
Resta-me um velho cão…
 
 
O cão sacode a pulga.
E a pulga regressa ao homem
de onde nunca deveria ter saído.
 
Na barraca, de tabique,
há sempre correntes de ar
e cheiros pestilentos
das canseiras.
 
No bidão
improvisa-se um lavatório.
Emprenha-se um buraco…
que faz de latrina…
 
Ao lado, prego com prego,
cheira a catinga.
E uma velha mulher
canta
uma desconhecida
canção de embalar.
 
Todas as manhãs
são escurecidas
com excrementos escorridos….
Cheira a merda!
 
Zarpa que incomoda…
Resta-me um velho cão…
 
Hoje não penso
nas quatro paredes
que me cercam.
Corri meus olhos numa cotovia
Que voava apressada...
 
Bateram à porta.
Foi engano!
Lá fora, nas cartilagens da agonia,
há tanta luta!
 
Movimento as minhas mãos
E conforto o velho cão
Que não se mexe.
Sucumbia a uma lambidela...
 
Zarpa que incomoda…
Que sorte
ter um cão por amigo!
 
Lisboa, 31/08/2006

 



Poemas de amor e dor conteúdo da página

amrosaorvalho.gif

MEIO HOMEM INTEIRO
Rogério Simões
 
Meia selha de lágrimas.
Meio copo de água
Meia tigela de sal
Meio homem de mágoa.
Meio coração destroçado
Meia dor a sofrer.
Meio ser enganado
Num homem inteiro a morrer.
11/4/1975

Todos os poemas deste blog, assinados com pseudónimo de ROMASI ou Rogério Martins Simões, estão devidamente protegidos pelos direitos de autor e registados na Inspecção-Geral das Actividades Culturais IGAC - Palácio Foz- Praça dos Restauradores em Lisboa. (Processo 2079/2009). Se apreciou algum destes poemas e deseje colocar em blog para fins não comerciais deverá colocar o poema completo, indicando a fonte. Obrigado

Copyright © 2017. Todos os direitos reservados. All rights reserved © DIREITOS DE AUTOR

Em destaque no SAPO Blogs
pub