AH! ESTE SOL
Rogério Martins Simões
Preciso deste silêncio
De enrolar as minhas palavras em silêncio
Se as leres… no bulício da cidade
Não te dirão nada
Absolutamente nada
Pois ainda não encontraste paz
Enche os pulmões deste ar refeito
E enfeita o teu rosto de glória
Tantos malmequeres
Ah! Este sol.
25-07-2011 23:27:42
Poemas de amor e dor
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publicado às 23:55
Portas do Sol
Lisboa
O poeta cantante…
(Romasi)
Rogério Martins Simões
Ele era apenas isso
Um achadiço,
Magriço,
Deitado na via
Em letargia,
Adormecia
E sonhava!
Talvez por isso,
O sonho, oiro maciço,
Quebrava o enguiço.
E se na alquimia,
Por pura magia,
Sonhava de dia
Reinava…
E se em sonhos pedia
O que não podia…
Era um alvoriço…
Bolso fiado!
Sorriso esfarrapado!
Glorificante!
Cantando dizia:
- Eu sou apenas isso…
Um poeta cantante.
29/01/1974
(Registado no Ministério da Cultura
Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09 )
Poemas de amor e dor
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publicado às 22:55
(Foto da autoria de Elisabete Palma)
PARTIRAM AO VENTO…
Rogério Martins Simões
Partiram ao vento
As almas dos poetas
E fizeram amor num canto
No canto mágico dos poetas.
E o chão ficou pejado de rosas
O mar incendiado de sereias
E no azul celeste do céu
O céu ficou coberto de estrelas.
Havia quem cantasse!
Havia quem chorasse!
Vagabundas as almas
Que por ali ficaram
Não havia noite!
Não havia dia!
Não existia Inverno!
Nem havia Verão!
Venham!
Eu vos dou o tempo
Da eterna poesia
Poemas ao vento
Em flores de algodão.
Finalmente partiram
No fogo das trovas.
Retomaram os corpos
Fez-se noite!
Fez-se dia!
Voltou o Inverno!
Aqueceu o Verão!
Choraram!
Cantaram!
Tremeram!
E morreram de amor cantando
27-01-2005
(Poema dedicado ao Dono da Loja e a todos os poetas)
Poemas de amor e dor
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publicado às 20:00
(Óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
O TEMPO VOA
Rogério Martins Simões
O tempo voa.
Que voe,
e nos deixe amanhecer mais tarde…
com os nossos corpos colados
no tempo.
Na leveza deste tocar breve,
que roça os nossos sentidos
e tem tanta beleza.
O tempo voa.
Que voe,
mas não apague
este ardor que arde
Prazer incontido que nos torna carne,
Com os nossos corpos molhados
Entre lençóis de linho.
O tempo voa.
Regressam as nossas recordações
de mansinho…
15-08-2006 22:15:18
(Poema inédito neste blog)
Poemas de amor e dor
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(Óleo sobre tela Elisabete Sombreireiro Palma)
FORA DE TI SOU UM NOVELO
Rogério Martins Simões
Erguem-se as montanhas.
Perfilam as imagens.
Vêm através de mim,
ensina-me o caminho das margens…
Meu amor volta depressa
Tenho as minhas mãos tão pesadas
Que nem as mando poisar
Meu amor regressa
Tenho as mãos tão cansadas
E não as posso libertar.
Fora de mim sou um novelo,
que se desprende,
entre os dedos alinhados.
Fora de ti sou um elo,
que se prende,
entre os dedos desalinhados
Tenho as mãos tão pesadas
não as consigo desapertar.
Tenho as mãos tão cansadas
Que não as consigo soltar….
Salta para o meu cavalo de chuva
que se ergue à porfia.
Vem de um pulo só.
Leva-me contigo depressa
Meu amor regressa
Tenho as minhas mãos tão pesadas
Que nem as mando poisar
Meu amor volta depressa
Tenho as mãos tão cansadas
Que nem as posso libertar.
03-05-2006 15:30
(À minha companheira BETE que pinta
e com a tinta do seu amor suaviza a minha Parkinson)
BETE
Amor da minha vida, minha companheira, esposa e pintora.
Não existem palavras suficientes e bonitas, (pois linda és tu!), para te expressar o que sinto neste instante, pela tua dignidade, pelo amor demonstrado ao longo destes anos de enorme sofrimento que ainda agora começa…
Este é o teu mês - balança que equilibra o que resta de mim.
Até ao dia do teu aniversário, 19 de Outubro, voltarei a colocar aqui alguns poemas que te escrevi. Começo por este poema, “fora de ti sou um novelo”, que te dediquei quando estiveste internada e me sentia perdidamente à deriva…
Sempre
Rogério
Bete
Rogério Simões
Bete
Janela aberta
Sol penetrante, o teu,
Na hora certa:
Tão radiante e meu!
19/10/1999
Poemas de amor e dor
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(ALFAMA - Óleo sobre tela Mestre Real Bordalo)
Soprei numa pena …
Rogério Martins Simões
Soprei numa pena
Que se anichou à janela
Aí está ela, agarrada à empena.
Sem pena, partiu à vela….
Valerá a pena ir atrás dela?
Deu a volta e reentrou,
Parece serena!?
Soprei na pena e a pena voou,
Aí vai ela! Pela porta pequena…
Valerá a pena partir com ela?
Vem um passarito
Apanha-a no bico
Ouve-se um grito
Aí vai ela, a caminho do pico…
Valerá a pena ter pena dela?
Vem um gavião com asas de granito,
Devolve-me a pena, com penas na sela…
São do passarito que passou a goela
Parte gavião! Leva as penas maldito…
Regressou a pena!
Não voltei a soprar mais nela…
Parece serena,
A pena,
Que pena reencontrar-me com ela!
Hospital dos Capuchos, 19/9/2007
(Concluído em 02/10-2007)
Poemas de amor e dor
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publicado às 00:23
(Quadro do Metropolitan Museam of art)
A MENINA DANÇA?
Rogério Martins Simões
A menina dança? Vamos dançar?
Acerto o passo! Pula a paixão…
Olha-me nos seios, sobe a visão…
Olho-o nos olhos querem beijar.
Aperta, e abraça, bate o coração…
Somos os reis da festa: bonito par!
Sobe o compasso, protejo com a mão…
Você namora? Vamos namorar!
O tempo passa, resta a recordação:
Como é sua graça? Vamos casar!
Apagaram a luz, a noite e o luar…
A senhora dança? Agora não…
Minha mãe está bem assim?
Lavei no rio o meu corpo criado
Visto cambraia! Não visto cetim…
Seios de carmim e corpo cansado!
Lisboa, 22-09-2007 23:36:37
(Dedicado aos meus amigos dos blogs do jornal SOL)
Poemas de amor e dor
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publicado às 22:20
Piso a areia da praia
Rogério Martins Simões
Piso a areia da praia!
Que peso pesam os pés!
Parecem mesmo uma raia
Presa nas marés.
Transporto a toalha
Levo comigo o jornal
Lembro-me de jogar a malha
Levo a dor no bornal
Piso a areia da praia!
Vou pela borda da água.
Onda amena que se espraia
Leva contigo a minha mágoa...
Queria de novo ter saúde
Seria novamente tão feliz
Tremer não é virtude
Tremer eu nunca quis
Deito-me!
Penso!
Mesmo deitado no chão
- Mulher! Porque me aturas?!
Não te queria dar razão
Mas és tu que me seguras!
Como esta areia brilhante
A que a praia chamou de sua
Areia que da praia és amante
Oh mar salgado a praia é tua!
Um perfume paira no ar…
A vida a Deus pertence
O sol quente esconde a lua…
A maresia não veio para ficar...
A Parkinson não me vence
Vou continuar a lutar!
Piso a areia da praia
A maresia sofre um revés
A areia parece cambraia
Sacudo a raia dos pés…
Aldeia do Meco
Poemas de amor e dor
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publicado às 00:23
ENTRE PORTAS E PAREDES
Rogério Simões
Entre portas e paredes
Eu me divido
Centro e concentro
Hesito e parto…
A nuca lateja
Ai de mim que não veja
Uma porta de saída…
Parto em silêncio...
Na mais pura água cristalina
Entre musgos e seixos
Oiço o chiar dos eixos
De um simples carro de bois
Depois…
Mãos nos queixos
Aceno na despedida…
19-06-2005 1:09
Poemas de amor e dor
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Dúvida
Rogério Martins Simões
Vejo-te ir,
Não vou conseguir chegar,
Se partir…
Vais regressar,
Mas tu já saíste,
E eu fiquei!
Deriva de mim a dúvida
E o conselho a seguir:
Rir de acordo,
Ou acordar a rir,
e ir
Ir por aí
Por onde o meu passo me leva
Atrás de tudo e de nada,
Porque no final tudo se queda...
Estou novamente perdido!
Vi-te partir!
Vais regressar!
Afinal prometeste voltar…
1985
Poemas de amor e dor
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publicado às 18:32