1970 TAVIRA
Éramos todos atiradores de infantaria,
E tínhamos a arma por companhia...
Onde estais camaradas?
Ah como vos oiço ainda marchar
pelas ruas de Tavira!
E o barco partia
Entre as lágrimas deitadas no cais
E o barco voltava!
E o barco ia!
Onde estais
Que não vos vi chegar…
Quantas mães choraram!?
Quantos pais gritaram!?
Quantas mulheres enviuvaram!?
Quantos meninos ficaram órfãos.
Ah! Se Abril tivesse chegado mais cedo… Rogério
25/4/2009
Quantos antes de nós tinham partido para sempre...
E aqueles que regressaram cumpriram as promessas
Queimaram velas
Em Fátima comprei uma medalha que dizia assim
Em Fátima rezei por ti!
SENHORA DA ATALAIA EX VOTOS
MORSE
Romasi
Traço, traço, traço, ponto
Morse, morse, morse morte…
Mais homens, mais gente.
Traço, traço, pouca sorte
Vai partir um contingente!
Pouca terra, pouca terra…
Lenços e preces agitam-se no ar
O pranto fustiga todo o cais…
Partem os noivos; chora o mar…
Os filhos, os amigos e os pais!
Traço, traço, traço, pronto
Regressa de novo o transporte
Beijam-se os filhos e os maridos
Agitam-se os lenços garridos
Traço, traço, traço, sorte…
Morse, morse, morse morte
Apita o barco engalanado
- O soldadinho vem no porão
Marido e o filho tão amado
Que regressa… num caixão!
Traço, traço, traço, ponto…
Lisboa, 14/02/1969
E finalmente a guerra terminou.
A revolução, sabes, é difícil
Rogério Martins Simões
“Sabes, a revolução é difícil”
(Fidel de Castro)
Cuspiram na cara do operário
Os tipos da Pátria vendida!
Apertaram os pulsos e olharam desconfiados
Os tipos da pastilha elástica…
Crivaram de balas o revolucionário:
Com as balas dos agentes da ordem.
E as vozes responderam em coro:
LIBERDADE!
Numa manhã primaveril
As correntes dos pulsos quebraram!
Libertaram os resistentes vivos
Homenagearam os resistentes mortos
E o povo cantou livre pela rua:
LIBERDADE
Maio dos bravos
Maio primaveril
Nascem viçosos os cravos
Do vinte cinco de Abril!
Pouco a pouco a revolução
Se transformou em tão pouco
Pouco a pouco a fera carregou
Camaradas de luta tombaram
Mas as suas e as nossas vozes não se calam:
Irão cuspir de novo na cara do povo
Os tipos da Pátria vendida
Apertarão de novo os pulsos
E olharão desconfiados
Os tipos da pastilha elástica…
Cantará de novo,
E com mais força,
O nosso povo:
LIBERDADE
Crivarão de novo o povo
Com balas dos agentes da ordem
(Da ordem contrária)
Mas as suas e as nossas vozes
Se erguerão em coro cantando
LIBERDADE
Sabes!
A revolução é difícil
1975
Solidariedade, onde estás?
Rogério Martins Simões
Ai esta sensação
de solidariedade
Que marcou os meus sonhos.
Que me devolveu o alento.
E que finge
ou teima em tardar...
Pura ilusão!
Onde estás?
De que forma te revestes
Que, ainda,
não te consigo vislumbrar.
07-04-2008
Poemas de amor e dor
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MORSE
Rogério Martins Simões
Traço, traço, traço, ponto
Morse, morse, morse morte…
Mais homens, mais gente.
Traço, traço, pouca sorte
Vai partir um contingente!
Pouca terra, pouca terra…
Lenços e preces agitam-se no ar
O pranto fustiga todo o cais…
Partem os noivos; chora o mar…
Os filhos, os amigos e os pais!
Traço, traço, traço, pronto
Regressa de novo o transporte
Beijam-se os filhos e os maridos
Agitam-se os lenços garridos
Traço, traço, traço, sorte…
Morse, morse, morse morte
Apita o barco engalanado
- O soldadinho vem no porão
Marido e o filho tão amado
Que regressa… num caixão!
Traço, traço, traço, ponto…
Lisboa, 14/02/1969
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