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POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

Carta aberta ao Poeta José Baião

 

 

 

 

 

Zé Baião, um abraço

 

Estou aqui em “pulgas” para saber como decorreu o sarau poético. Contigo no comando estou certo que tudo correu bem.

E o meu poema foi bem aceite?

E será que alguma vez o irá ser - no tempo?

Fico feliz por saber que representas um grupo por onde a poesia se passeia no conforto das palavras.

Além de mais és poeta e criei contigo uma empatia de poeta para poeta. Por isso desculpa estar para aqui a escrever, num tempo de Outono esquisito em que o calor da noite não me deixa dormir, porque afinal a mão direita ainda escreve…

Que desconforto seria para mim se não conseguisse escrever. Os poetas são uns operários da caneta e trazem pensamentos errantes que debutam no papel. Que papel nos está reservado? Serei poeta?

Quanto a mim que nada sou, serei o que o destino quiser, porém, sou poeta:

Um poeta sonhador que tantas vezes lhe roubaram os sonhos.

Hoje estou nesta! Enquanto houver alguém a procurar a minha poesia não irei desistir de a escrever ou de a chorar.

Ainda hoje um colega nosso me dizia que tinha visitado o meu blog no Sapo e que estava impressionado ao ponto de se identificar com ela. Já não é a primeira vez que o dizem! Foi por isso que voltei a escrever parando de rasgar como era meu hábito fazer.

Ainda bem que estás virado para organizares e recitares poesia. Tivesse saúde tentaria fazê-lo como tu o bem fazes.

Hoje apetece-me reflectir em vez de escrever poesia e para não falar para as quatro paredes resolvi escrever-te, aditando palavras, com palavras que hoje tenho espalhado por aí.

Pergunto muitas vezes:

Que faço com estes versos?

Sentir-se-ia desconfortável o lixo com o peso dos versos?

Em Portugal quem liga à poesia?

E se eu os mandasse mesmo para o lixo não suavizariam o mau odor que por aí anda de saltos altos…

Vou terminar.

Pouco me importa que em Portugal a poesia não tenha expressão! Só me entristece que no dia de Camões e de Portugal pouco se fale de poesia

Zé! E se em vez de medalhas, no 10 de Junho, condecorassem com poemas dos Lusíadas ou com versos de Caeiro?   

Camões tem poesia para todos os gostos. Antes, nas escolas, ensinava-se os Lusíadas, agora nem um só canto. Quantos conhecem a sua lírica? As chamadas elites culturais?

No meu caso nada de elites - sou povo! Como é enorme o povo em – Pessoa!

Meu pai e mestre, como não tinha rendimentos para nos dar sobremesas à refeição, enchia-nos o prato com saborosos poemas – os seus e os dos grandes poetas. Mas isto é pelintrice e pouco importa. Importa é estar na berra, importa é mandar umas tretas para que o povo se entretenha e não pense.

Por mim não quero que pensem! O problema é que um dia o povo irá acordar e vai ser terrível!

Tudo mudou e sem poesia o mundo é menos sonhador e mais desumano

Repara amigo - quando se escreve poesia não está só! Não estamos sós!

A poesia enche-nos a casa de lágrima ou de sorrisos e reverte os sonhos desfeitos em estrelas cadentes para voltarmos de novo a sonhar. Estamos sozinhos quando as paredes emparedam os pensamentos e nem uma só lágrima se verte.

Há pouco visitámos um amigo que está num lar, um bom lar! Que lar substitui a família! Curioso! Chegámos a casa os dois fatigados e estivemos com sono durante umas horas. Agora acordei e estou nesta:

Carta para o Baião!

Carta a um poeta!

O que é a poesia?

O que é ser poeta?

A poesia é a magia que espreita a ponta dos dedos esborratados de tinta…

Ser poeta é quase morrer e renascer num canto ou num verso.

Paro, tenho de parar, porque amanhã voltarei à rotina e sem rotina não tenho possibilidade de viver.

Todos andamos num carreiro, para cá e para lá sem saber ao que vamos. Andamos, corremos, pensamos como fazer para sobreviver e não vemos! Como podemos ver se nada há para ver e se vemos teremos de parar para reflectir?

Deixam-te reflectir?

Que reflexão fazemos nas nossas vidas?

Quantas televisões temos em casa?

Quantos tabuleiros se enchem de pratos no desconforto da mesa vazia?

Porque esfria a comida na espera e cresce bolor no pão que não sobra?

Que desconforto quando não há poesia!

Saudades

Rogério Martins Simões

Poemas de amor e dor conteúdo da página

Abismo

 


ABISMO

Rogério Martins Simões

 

Tento dar tudo dando nada

Sou ditongo nasal,

tenho a narina entupida

Sou prova oral

tenho a voz engolida…

 

Ando cansado e as pernas

não flectem

Oiço barulho e estou surdo

Quanta tristeza vai em mim

Quanta mágoa!

 

Que sobra

se já não sou e pouco resta.

Resta o pensamento!

Carga imaginária

que não se esgota

que me afronta,

não me derrota e me limita…

 

Tenho a testa nos confins

do semblante

Desconfio da sorte

que não me sai

Desconfio da esperança

e do momento.

Cismo, cismo, cismo!

O corpo não mexe,

pouco importa

Importa-me a desventura,

má sorte,

Que me conduz ao abismo.

 

Vai,

segue em frente

que o precipício não te é

indiferente

Semente do desencanto

de quem tanto sofreu.

Vai,

segue agonia viajante

e diferente

E recorda-te que já fui sorte

05-03-2007

 

Boa noite José Baião

Rogério Simões

(correspondência entre poetas)


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A luz não nos segura

 

 

A luz não nos segura

José Baião Santos

 

a voz baixa - trémula - escondia

a raiva de uma ambiguidade afectiva

a sua alma sentia os clarões da pele de cada vez que

a morte se insuava no manto das ervas naquelas manhãs de

aproximação ao outro extremo do universo para se furtar à acidez da luz

- a luz aderente

 

havia palidez e denso nevoeiro nas marés enquanto

desfibrava a dor com lenta sobriedade

para ninguém se aperceber nem ele próprio

que o equilíbrio metafórico do corpo

representava uma forma de religião

sem crenças

silenciosa como o espaço opaco e vazio que preenche

a face oculta da melancolia

foi a sorrir que enfrentou aluminosidade dos nenúfares trazidos pela chuva

pensando que era feliz nesse instante

em que a luz não nos segura

 

 

Aquele abraço, de permeio com as palavras da noite

 

José Baião Santos

5/3/2007

(correspondência entre poetas)

 

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Seguro da insegurança...

 

Seguro da insegurança

Rogério Martins Simões

 

Torres vigiam a casa assombrada

onde perpetuam marginais e abstractas letras

de uma desconhecida liberdade.

 

A canalha... aproxima-se

verberando abstracções concretas.

No alto da torre seguem os carros pretos

chapeados com protecções e blindagens.

 

Blindaram os corações

para recolher os protestos.

Não! Os protestos não chegam às torres…

Aparam os ouvidos,

com guardanapos ao tiracolo,

e vestem camuflados para vigiarem o solo.

 

Para manterem a forma exercitam-se

encolhendo os ombros

e olhando de soslaio.

 

A segurança mantém asseguradas

as palavras contrárias

e perseguem quem se oponha à segurança!

 

Se lhes virar as costas dirão que sou poeta…

 

Dispararam às cegas e atingiram um colibri...

Do mar saltam alforrecas e camarões!

Os moribundos mascam, agora, folhas de coca

A segurança contra-ataca com a segurança dos narcóticos

Do deserto partiram legiões imprecisas de escorpiões.

Dizem que um bando de loucos

se escondeu numa toca

 

Toca docemente um violino cego

E ouve-se uma canção de embalar:

- Que será de ti meu menino

Se o povo não se revoltar

 

Corre um vento forte.

Ouvem gritos!

Se virar as costas

dirão que não sou poeta…

 

Um abraço para ti José Baião

1/03/2007

Rogério Simões

(correspondência entre poetas)

 

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Será que a poesia está segura?

 

(Óleo sobre tela Real Bordalo)

 

Será que a poesia está segura?

José Baião Santos

 

não conheço maior insegurança que a segurança que me garantem

os que para terem a sua vida assegurada

se asseguram que nada na vida mudará a

não ser toda e qualquer mudança

que mude o que é seguro e não mude de mudança

 

a poesia entra com ironia nesta dança

com rimas cristalinas e lágrimas quase sempre tardias

e nos seus trejeitos de incerteza

farege os ratos nas catacumbas das abadias

 

Mas por que é que a poesia não é segura?

 

Aquele abraço

José Baião Santos
28/2/2007

(correspondência entre poetas)

 

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amrosaorvalho.gif

MEIO HOMEM INTEIRO
Rogério Simões
 
Meia selha de lágrimas.
Meio copo de água
Meia tigela de sal
Meio homem de mágoa.
Meio coração destroçado
Meia dor a sofrer.
Meio ser enganado
Num homem inteiro a morrer.
11/4/1975

Todos os poemas deste blog, assinados com pseudónimo de ROMASI ou Rogério Martins Simões, estão devidamente protegidos pelos direitos de autor e registados na Inspecção-Geral das Actividades Culturais IGAC - Palácio Foz- Praça dos Restauradores em Lisboa. (Processo 2079/2009). Se apreciou algum destes poemas e deseje colocar em blog para fins não comerciais deverá colocar o poema completo, indicando a fonte. Obrigado

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