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POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

Parkinson - O Manual do doente

manual.jpg

Manual do doente de Parkinson

 

Como sabem, pois não o escondo a ninguém, estou diagnosticado com a doença de Parkinson e frequento a Consulta de Movimento do Hospital dos Capuchos
Acaba de chegar às minhas mãos O manual do doente de Parkinson, oferecido pela minha médica de Neurologia.

O manual foi editado com o patrocínio da NOVARTIS FARMA - Produtos Farmacêuticos S.A. e foi traduzido e revisto pela Dra Alice Levy e pelo Dr. Joaquim Ferreira.

Tem, de acordo com a capa, o patrocínio da Sociedade Portuguesa de Neurologia - Secção das Doenças do Movimento e da APDR Associação Portuguesa dos Doentes de Parkinson.

Depois de o ler, considero este manual indispensável para todos os doentes de Parkinson e para as suas famílias. Foi escrito numa linguagem bastante acessível, tem uma letra legível mesmo para aqueles, como eu, que já têm dificuldade em ler.

Não estou autorizado a reproduzir passagem escritas no livro, mas isso não me impede de dizer que tem 81 folhas onde dá a conhecer e a viver com a doença.

Da página 82 até à página 86 o tema é a ASSOCIAÇÃO DOS DOENTES DE PARKINSON.

Finalmente da página 82 e seguintes é dada a conhecer a Legislação aplicável ao doente de Parkinson.

Mais alguns apontamentos.

Graças ao Manual fiquei mais consciente dos meus direitos.

Por falta de tempo não irei citar toda a legislação. Apenas darei uma amostra do que pode ser tirado deste valioso trabalho.

Saúde

- Isenção do pagamento das taxas moderadoras Decreto-Lei 173/2003

- Avaliação da incapacidade Decreto-Lei 202/96 de 23 de Outubro e Decreto-Lei 174/97 de 19/7

- Acompanhamento Hospitalar Lei 109/97 de 16/9

Segurança Social

- Pensão de Invalidez

- Subsídio por Assistência de Terceiras Pessoas

- Complemento de dependência

- Pensão social de invalidez

Fiscalidade

- Imposto sobre o valor acrescentado (IVA)

- Imposto Automóvel

- Isenção de tributação de IRS

(tudo isto sob determinadas condições e ou graus de incapacidade)

Habitação

- Arrendamento

- Habitação Social

Cidadania

- Direito de voto

- Transporte

- Estacionamento

Este livro será indispensável para as famílias e para os doentes.

Uma última palavra para um destacável que se encontra no final do livro. Trata-se de uma espécie de cartão da Associação dos doentes de Parkinson, que tem sede no Bairro da Liberdade lote 13 loja 20 em Campolide Lisboa

Telefone 21 3850 042

e-mail apdparkinson@clix.pt

Quantas das vezes tomam os doentes de Parkinson como consumidores de drogas ou álcool. Pois bem a APDPk criou um cartão onde diz:

SOU DOENTE DE PARKINSIN. NÃO ESTOU SOB A INFLUÊNCIA DE ÁLCOOL OU DROGA

A MINHA DOENÇA NÃO É: CONTAGIOSA, MENTAL, HEREDITÁRIA OU FATAL.

É APENAS UMA DOENÇA DE MOVIMENTO.

POR ESTA RAZÃO POSSO PRECISAR DE ALGUM TEMPO PARA ME EXPRIMIR E COMUNICAR CONSIGO.

FICO AGRADECIDO PELA SUA PACIÊNCIA." 

Se é doente de Parkinson inscreva-se na Associação que segundo o livro tem uma quota anual mínima de 20 euros.

Rogério

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agradecimento

(foto Padre Pedro - Pampilhosa da Serra)

 

Agradeço a todos a vossa presença e a todos aqueles que deixaram comentários.

Foram e são os que me visitam a razão para continuar.

Gosto de sonhar;

porque o sonho convertido em poemas

dá luz ao pensamento.

Eram assim, os meus poemas, quando noite fora os libertava…

A lua é a minha companheira e conhece de cor esses poemas.

Hoje conservo aqueles que apoiastes desde 2004, e alguns, poucos, que amigos e familiares me reproduziram.

Por tudo isto, e porque é noite, sou um viajante noctívago.

Amanhã, acordarei fatigado

e na confusão dos corpos cansados,

dos transportes apinhados,

retomarei a rotina que a sorte e o destino me deram.

Tudo isto para vos dizer obrigado

Rogério Simões

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Há uns anos...

 (Leonardo da Vinci)

«"De Divina Proportione" 1498 Milano»

LUCA PACIOLI

Há uns anos…

 

Há uns anos, nos finais de 1988, aceitei um desafio – como não sabia nada informática – derrubei a minha resistência do não querer: comprei um computador, que me custou os “olhos da cara”, frequentei diversos cursos no Sindicato dos Economistas e consegui descobrir que afinal o ser humano tem uma infinita força para vencer as barreiras que ele próprio cria.

Às vezes não basta querer – tem de ser. A tenacidade é uma virtude dos lutadores e desistir não foi o meu horizonte.

A partir daí, nesse computador, que fui sucessivamente actualizando em hardware e software, comecei a fazer todos os meus relatórios, pois no meu trabalho não existiam computadores.

Aproveitei o ensejo: desafiei uns quantos colegas que também ganharam a aposta. Depois daquele repto aproveitei os ensinamentos: afinal aquele desafio teve em mim um despertar de consciência, um ensinamento - nunca se deve dar por vencido por mais se sejam os infortúnios ou as vicissitudes da vida.

É verdade que às vezes nos sentimos quase a desistir “Subir ao mais alto do lugar, para sempre abrir o teu olhar” mas aquele fio condutor de vida faz o tal “clik” e por vezes basta uma simples caneta ou teclado, um bocado de papel (seja lá de que forma), para se transformar uma “tragédia” num desabafo... Não há mal que o tempo não cure!

Por isso tantas vezes recorro à catarse da poética. E se às vezes pareço estar e não estou, dou por mim estou fatigado apesar de me ter conservado quedo e mudo.

Escrevo tudo isto para dizer que pensava saber informática, o suficiente, para dominar o meu computador. Mas o “bicho” de vez em quando prega partidas! Afinal vou ter de o formatar para começar de novo ou comprar um mais moderno.

Ontem fiquei triste! Afinal não tive o cuidado necessário para salvam uns quantos novos trabalhos e supostamente posso vir a perder todo um acervo que estava à espera do seu tempo.

E vem a talhe de foice falar no imprevisto, naquilo que se espera e com que se não conta e por mais antivírus que se tenha, ou se use, há sempre um momento que se quebra a guarda e os não convidados invadem as nossas casas. São os novos vampiros...pois os mais antigos foram numa canção do Zeca Afonso.

Prometo voltar, se a vida quiser, depois de me retemperar nas águas bravas do Meco.

Desculpem o improviso um abraço para todos. Sejam felizes.

28-05-2004

 

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Debaixo das árvores

 

(Foto cedida pelo Sr. Padre Pedro)

Debaixo das árvores

 

À sombra de grandes árvores

Na rua, jogando a bola por vez,

Brincando pendurado nos carros,

Um menino homem se fez!

2005

 

Eram os meus primeiros passos, em linha angular, nesses tempos de sete anos.

As casas eram pequenas. Todos se amontoavam -dormia-se por turnos e não sobravam os espaços

As ruas, que conduziam à feira-da-ladra, eram "povoadas" de vendedores ambulantes que ganhavam a vida num tropel de "quatro patas".

Havia fava-rica a cinco tostões! E ouvia minha mãe dizer que tinham cabelos - pois não as podia comprar...

Nas pedras da calçada, redondas sem alcatrão, havia burricadas e os garotos da minha idade jogavam à bola, com bolas feitas de trapos.

Como ansiava e esperei por uma bola a sério! Como a dos jogadores e, quando tinha algum tostão, comprava rebuçados enrolados em cromos à espera que me saísse do jogador mais "custoso".

Certo dia meu pai jogou de uma só vez e saiu-lhe o boneco que dava direito à bola. Aí pensei. O dinheiro compra tudo!?

 

Os ponteiros dos relógios fazem corridas de horas, minutos e segundos!

Na minha rua havia garotos com horas a brilharem ao sol!

Na minha cabeça, fantasia de sete anos, abriam-se espaços ocos com imagens sucessivas de relógios com correias de nylon coloridas.

Conheci os meus novos companheiros de aventura e por estranho que pareça já os adivinhava há muito! Filhos de mães trabalhadoras que aliviavam os braços deixando os meninos entregues ao destino.

Os seus rostos eram iguais a tantos meninos: Viviam e cresciam na rua: jogavam a bola, partiam os vidros, fugiam da polícia pendurados nos eléctricos e nos autocarros.

Era o começo de uma geração desprovida de laços.

 

-Ó pá! O que andas aqui a fazer?

Perguntou-me o "Zarolho" quando me viu pela primeira vez, como menino, levado para a escola pelo braço de minha mãe.

Encolhi os ombros! Era o indício da minha geração, pois, no queimar dos anos, vi muitos a "encolherem os ombros"

- Sabes?! Isto aqui é da "malta"

Fez-se silêncio - de um vazio contínuo e assustador.

- Para seres dos nossos - e eu sou o chefe, é preciso que lutes comigo!

E lutei!

Nesse dia um menino de sua mãe chegou a casa - com as calças rotas e sujas.

- Rogério, que fizeste às calças que estreaste?

- O teu pai, logo, vai bater-te! (Ameaçava minha mãe dando-me um tabefe).

Chegou a noite!

O meu pai chamou a si a difícil tarefa de um pai trabalhador.

Chorei! Aqui começaram as minhas primeiras lágrimas, unidas, lado a lado com a minha primeira aventura.

Rogério Simões

1974

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Eu vi meu pai chorar

(Fotografia gentilmente cedida por Padre Pedro – Pampilhosa da Serra)

 

 

Eu vi meu pai chorar

I.

Meu pai legou-me a cadeira que há 57 anos comprou e onde sempre se sentou. Quando a retirou do escritório e me a foi dar:

eu vi o meu PAI chorar!

 Era uma vez um menino órfão que bem cedo abandonou a sua aldeia - A Póvoa - Pampilhosa da Serra.

Deixou para trás a bola de trapos, os companheiros de escola, da brincadeira e do trabalho, as pessoas a quem lia e escrevia as cartas e o trabalho duro da aldeia.

Era muito cedo a manhã. A sua mãe, doente, rezou consigo as últimas orações e entregou ao menino, um saco de pano com as poucas "roupitas coçadas" e um naco de broa para disfarçar a fome na viagem.

Trazia consigo a vontade de vencer e na bagagem a mocidade perdida.

Tinha uma memória espantosa que conservou toda a vida.

Carregava no pensamento a aventura. Era responsável e "magicava" por uma vida melhor: secreta ilusão de quem foi incapaz de renegar a educação.

Percorreu a pé grande distância que o separava da camioneta e soletrava, palavra por palavra, os últimos conselhos de sua mãe.

Finalmente o comboio a carvão que apanhou na Lousã e no dia seguinte chegou à cidade que a partir daí chamou de sua.

Lisboa, nesse tempo, fervilhava de trabalhadores migrantes na sua própria Nação.

A Europa estava em guerra mas o menino, disso pouco sabia. Recordava-se de um velho parente escutar a telefonia, às escondidas, e de ouvir falar nisso em surdina. Depois não havia jornais: tinha mato para apanhar e o estrume com que se fertilizavam as leiras para carregar.

Tão pequeno e já "alombava" os cabazes da mercearia:

 - Que importa se já estava habituado! Afinal os passeios eram melhores que o caminho das cabras.

Mas sonhava! Todos os meninos sonham!

Às vezes, ainda há pouco se tinha deitado e já estava levantado para voltar a carregar as mercearias. E, enquanto subia as escadas mais íngremes, rezava à espera de um milagre que trouxesse de volta a escola para um dia ser "doutor".

Mas sonhava! Sonhava, digo eu: pois o sonho é a compensação de quem sofreu.

O menino queria estudar! Ser alguém! Mas a tragédia tornou a voltar e numa Terça-feira soube da morte de sua mãe lá na Aldeia!

Nas vésperas, houve uma grande azáfama na Póvoa!

A sua mãe, de nome Maria, fez questão em anunciar, nessa sexta-feira, que no dia seguinte partiria numa viagem para o Céu.

E disse à irmã do menino:

- Laura limpa muito bem a casa e logo, quando acabares, vai chamar o Povo.

Mas a menina chorava enquanto limpava a casa com a vassoura de carqueja.

Por fim, lá foi de casa em casa e transmitiu a mensagem da "Ti Mariquitas" e o Povo da Aldeia foi em peso sentir o peso das palavras de despedida da minha avó.

Chamou de novo a irmã do menino, e disse:

- Laura vai chamar o "Ti Manuel Barrocas" para me tirar as medidas para fazer o meu caixão.

A irmã do menino chorava, não queria ir mas foi!

O dia chegava ao fim e com ele o Sábado (12 de Março de 1938), fim anunciado da mãe do menino.

Dizem que a sua mãe se despediu de todos - pediu perdão de todas as suas ofensas, se ofensa tivera para com alguém.

Dizem que nessa tarde de Sábado elevou as mãos aos Céus e clamando por Deus a sua alma se elevou para junto dos seus...

Faço aqui um parágrafo: Toda esta história não é uma "estória" ou uma fábula.

Recordo-me do menino, já pai, meu pai, contar que a sua mãe, a minha avó, ainda disse:

- O meu filho escreveu-me hoje uma carta! Mas eu já não a vou ouvir porque amanhã, Sábado, vou morrer e a carta só vai chegar na segunda-feira.

Minha avó faleceu a um Sábado, no dia 12 de Março de 1938, e foi sepultada ao Domingo, na Pampilhosa da Serra, como ela sempre pediu ao seu DEUS.

Meu pai só recebeu a notícia por carta, na mercearia da Rua do Grilo, na Terça-feira dia 15 de Março de 1938.

Tudo isto foi-me contado em menino por meu pai e confirmado por parentes que presenciaram os factos e a sua vida.

 

Rogério Simões

Lisboa, 25 de Agosto de 2004

 

PAI


No céu vejo uma estrela.

No etéreo, Deus nos receberá:

Meu pai é a luz mais bela

Que no firmamento brilhará.

 

Vou pedir a Deus por escrito,

Que nos junte aos dois no céu

E me chame ao primeiro grito

Com a força que Ele nos deu.

 

23-03-2004

Rogério Simões

25-08-2004 19:31:39

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Romasi da poesia

 

 

 

 

 

 

CORRE A ÁGUA CRISTALINA
Rogério Martins Simões
 
Corre a água cristalina.
Mata a sede é fresca e pura.
Vai à fonte a menina
Com espreitada formosura.
 
Traz colo de rosa.
Duas roseiras atrevidas…
-Menina que corres à fonte
De onde vêm os teus risos?
-Vêm do cimo do monte!
Da brancura dos granizos!
Vai a água à fonte
Vai a fonte às rosas…
Cobiçadas por sorrisos…
 
E traz um sorriso atrevido.
Um cântaro de mão na ternura.
Vem a sede à menina,
Mata a sede, fresca e pura,
Corre a água cristalina
Que se espraia na secura…
 
Alagada por sorrisos…
Com que corres à fonte
De onde vêm os teus risos
-Vêm do cimo do monte!
 
Tanta sede molha os seios…
Tanta sede desatina…
Vem a fonte por seus meios
Corre a água cristalina
Enche o cântaro é fresca e pura
Vai a sede à menina…
Não tem sede a formosura…
 
12/08/2005
 
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.P. –
Processo n.º 2079/09)
 
 

 

 

 

ROMASI DA POESIA

A 1ª fase da minha poesia vem dos meus tempos de luta estudantil.

Se falo tantas vezes na tinta, nos poemas, foi a recordação da tinta e da água com que dispersavam os manifestantes.

Escrevi alguns poemas molhado. Escapava por entre na multidão e vi muitos companheiros a apanhar “porrada”. Nunca fui apanhado! (ou não viesse a ser campeão nacional de atletismo pela equipa do Sporting Clube de Portugal)

Depois, conheci relatos (verdadeiros), da outra tinta vermelha de sangue, com que os presos políticos escreviam, no Aljube, a palavra LIBERDADE.

Esta fase marcou e definiu meus passos.

Como era e sou católico participei em todas as manifestações da JOC (Juventude Operária Católica).

Recordo-me de ouvir e cantar, às escondidas, as canções do Luís Cília na JOC (edifício da Sé).

A 2ª fase vai do 25 de Abril de 1974 até a ter escrito, em 1984, o poema intitulado “ A minha poesia de homem solto”. Este poema foi para mim uma ode poética ao trabalho e com ele encerrei esta fase.

Estou na 3ª e última fase, a fase mais madura, mais poética, e infelizmente com algum sofrimento à mistura

Os males que se reflectem no corpo e não atingem a alma são pequenos comparados com outros males que perpassam junto de nós e nos agridem no dia-a-dia.

Pois é… ser poeta é sofrer.

Onde estão os sonhos de Abril? Onde pára a alegria deste povo que sofre na carne a miséria e a injustiça.

Onde param as promessas dos sucessivos governos e políticos que não cumprem. Não queria beliscar – trazer para aqui palavras duras, que me secam a boca que me trazem amargura e revolta. Eu sei que sou sonhador! Que quero um Mundo melhor: sem fome, sem guerras mas sobretudo sem miséria.

Onde estão os empregos para o exército de desempregados. E os empregados não estão mal pagos, explorados e cheios de miséria encoberta?

Eu sei que sou poeta! Mas, não será verdade, são sempre os trabalhadores que pagam a crise: e o povo aguenta!

São sempre os trabalhadores que pagam os impostos: e o povo aguenta!

Finalizo este meu desabafo, escrito ao sabor da pena e da mágoa, com um pensamento que escrevi no meu livro de poesia rasgada a que chamei renovação:

“Vivias num bairro de lata e agora sobram-te telhas”

Rogério Simões

24/12/2004

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Fui ao Sótão

(fotografia gentilmente cedida pelo Sr. Padre Pedro Pampilhosa da Serra)

 

FUI AO SÓTÃO
Rogério Simões
 
Em Março do ano, de dois mil e quatro, embarquei numa aventura, sem porto seguro, quando decidi dar a conhecer a minha poesia.
Antes de iniciar esta viagem fiz alguns preparativos.
Comprei um livro que ensinava a melhor forma de construir livros virtuais, a que chamam blogs e, quando já me sentia minimamente preparado, arranquei forças, para desenterrar o baú onde guardava alguns segredos.
Peguei no escadote e subi ao forro da minha casa. Alcançado o último degrau, coloquei um pé na parte superior do escadote para me projectar e alcancei as duas pastas ao fundo do tecto falso.
Para mim, existem três momentos distintos na vida: o primeiro em que tudo é distante e grande; o segundo, em que tudo o que aparentava ser grande parece pequeno e o terceiro quando tudo de novo fica distante...
Voltando à viagem ao sótão - no tempo do assim-assim - consegui alcançar as duas velhas pastas de cartão prensado, presas por dois elásticos ressequidos que se pulverizaram num instante, e nesse dia não arranjei coragem de as entreabrir.
Fiquei-me por os inúmeros pensamentos escritos à toa, nas partes exteriores das caixas, alguns dos quais eram mais ou menos assim:
- Quando das quebradas do silêncio os lobos uivam e descem à aldeia as mãos unem-se, com mais força, ateando a fogueira que as aquece.
Ou na minha rua havia crianças nuas olhando as outras crianças com relógios a brilharem ao sol.
Ou esta caixa encerra o lado oportuno da minha vida, a saber: vivias num bairro de lata agora sobram-te telhas.
Nessa noite senti uma dificuldade redobrada em dormir.
Afinal, naquelas pastas, não iria encontrar as diversas compilações de poemas que escrevi e rasguei ao longo da minha vida: “Meu amor despido de preconceitos” “Renovação” “Na berlinda dos Tesos” “Lutas a carvão” “Azimute” “Revolução não pára” “Ego” e tantos mais que não lhe recordo os nomes. Apenas iria encontrar, naquelas duas pastas, alguns marcos e marcas e, certamente, alguns poemas de amor e dor.
Parte II
No Inverno a minha casa torna-se fria e, sempre que posso, acendo a salamandra à procura de bafos de calor - ambiente, que me aqueça o corpo e retempere o espírito.
É interessante: no verão desejamos o fresco do Inverno e no Inverno o calor do Verão, porém, quando vejo o nosso cão enroscado saboreando o prazer do calor versus frio, começo a entender esta aparente contradição, pois o prazer está nestas pequenas coisas e na natureza está tudo certo.
Aproveitei a manta e despejei as pastas no chão e o cão deu-me duas lambidelas.
Fez-se barafunda...num amontoado de papéis. Afinal o meu tesouro continha alguns pedaços de fitas com cálculos de vencimentos; velhos papéis de marcações de consultas (recordações de quando trabalhava nos postos das Caixas de Previdência); folhas de papel cavalinho e outros, todas manuscritas, que utilizei para aproveitar o papel e a inspiração do momento
Peguei num pedaço de papel e comecei a ler, tentando decifrar o que tinha escrito ou o motivo para recordar.
Reparei que afinal há mágoas que se julgam apagadas, mágoas mal resgatadas e sofridas, que regressam de novo mas de uma forma ténue e discreta.
Por fim tudo passa e, a amargura de então, torna-se numa ligeira brisa sem pinheiros.
Finalmente, oxigenei alguns escritos e fiz com o resto um tição para atear mais a fogueira.
Subo de novo o escadote, volto a encerrar a minha poesia e reparo em mais um escrito
 Às vezes penso
O conflito que me arrasta
É um tempo
Marcadamente ingrato
E difícil de curar.
1971
Poemas de amor e dor conteúdo da página

Partida largada seguida



(Foto gentilmente cedida pelo Sr Padre Pedro -Pampilhosa da Serra)
 
1ª RAZÃO!
Recebi em Novembro neste livro de poesia este comentário que, dado o seu significado passo a transcrever:
Olá, Sou do Brasil e tenho um primo de 31 anos com Mal de Parkinson. Vive tomando esses remédios, mas de um tempo para cá está pior, tem muita tremedeira, sua voz já fica estremecida e seus passos já não estão tão firmes. Procuro todas as informações que posso sobre a doença pela Internet, mas a maioria não é traduzida o que dificulta muito em poder ajudá-lo. Gostaria muito se possível de obter informações sobre o Mal de Parkinson, suas pesquisas e tratamentos mais modernos, grupos de ajuda e tudo que poderá facilitar a vida do meu primo Roberto tão novo, tem uma menina de 2 aninhos, que irá completar dia 08/11 próximo.
Sinto em seus olhos uma tristeza sem tamanho que me comove, e resolvi fazer a minha parte para ajudá-lo. Foi DEUS que me fez achar o seu site. Espero obter respostas em breve.
Muito Obrigada.
JÔ (Brasil)
Sou filha de Português, meu paizinho era de Ancas – Anadia.
 
2ª RAZÃO!
 
Por vezes devemos parar para reflectir e não ir por onde a paixão nos leva.
Por hora ando por aí procurando ser…
Confesso que gosto de escrever.
Talvez por isso conheça o peso das palavras, mas não chega. E se DEUS me deu este caminho, que eu seja diferente…pelo menos um bocadinho…
O meu 1º objectivo, construir um blog para os doentes que sofrem de Parkinson, foi alcançado e espero que ele seja um elo de ligação entre os doentes, as suas famílias e os profissionais de saúde.
O blog está aberto a todos, quiçá, à procura da pílula milagrosa.
Falando desta doença: Sabiam que oficialmente existem mais de 50.000 doentes com Parkinson em Portugal.
Sabiam que também há jovens portadores desta doença.
Eis a razão do meu afastamento: sem estar longe, pois estou aqui perto, estarei um pouco mais ao serviço dos outros e de mim.
E quando escrevo, como estou a fazê-lo neste momento sem qualquer preocupação literária, surgem turbilhões de palavras e os pensamentos que mexem no meu coração.
 
3ª RAZÃO!
 
Há uns anos, ali para os lados das Amoreiras, reparei num homem alto, de tês escura, que caminhava com dificuldade, tremia bastante e quase tombava.
De repente reparei: aquele homem não me era estranho! Afinal ele tinha sido meu colega de equipa de atletismo no “Sporting Clube de Portugal”.
Porém, vi sem ver!
Não consegui reagir, fiquei sem forças, ou melhor, sem coragem para lhe ir falar.
Voltando ao meu antigo colega e amigo, recordista nacional absoluto do triplo salto e do salto em comprimento, vi e não parei! Vi e não fui solidário.
Quem diria!? A vida tem destas coisas…prega partidas e, quando damos por isso, já vamos tarde.
Eis mais uma razão para este trabalho, para este empenho.
Quero neste momento dedicar todo este meu trabalho, em favor dos doentes que sofrem de Parkinson ao Grande Campeão ao meu amigo, com quem tanto conversei, já depois de ter abandonado o atletismo, sobre a sua Angola.
 
CONCLUSÃO FINAL
Se…se tivéssemos tempo poderíamos fazer mais, muito mais.
Nas nossas vidas haverá sempre sessssss…
Na minha vida tive 3 grandes paixões: a: poesia, a arqueologia e o atletismo. Pratiquei as 3, deixei o atletismo por ter casado bem cedo, agora resta-me a poesia que se adia e vou tentar fazer qualquer coisa no blog de Parkinson.
Mas há tanto a fazer! A Tarefa não será fácil pois sinto falta de colaboração.
Agradeço a todos e espero que alguns me ajudem.
Vou finalizar com a última frase que ontem escrevi num e-mail. Sou um poeta sonhador que respira poesia e gosto de escrever. Adorava ter o dom do conhecimento científico para curar toda a gente, inclusivo os deserdados, os abandonados e os que estão sós.
 
Nota de abertura do blog de Parkinson
Certo dia o céu desabou em mim: Fiquei a saber que sofria do Mal de Parkinson.
Com o impacto parecia ter ficado derrotado, porém não sou homem para desistir.
A partir por daí procurei conhecer a doença – só em Portugal existem mais de 50.000 doentes e milhões por todo o mundo.
Conheci Associações, Laboratórios, Hospitais, Centros de investigação e pessoas de que procuram com amor, ajudar a minorar o sofrimento dos doentes, das suas famílias, dos amigos e conhecidos. Reconheci nos profissionais de saúde, na classe médica e nos cientistas em geral muita doação muita disponibilidade colocando todo o saber ao serviço da colectividade.
Encetei contactos com ilustres amigos do Brasil e com a Dra. ANNE FROBERT formada em medicina pela Universidade Claude Bernard de Lyon, na França, especializada em cirurgia do cancro ginecológico, e todos se prontificaram a colaborar.
Com este conhecimento, aproveitei este livro de poesia para divulgar alguns textos e locais de ajuda.
Mas não chega!
Contactei com algumas pessoas, doentes como eu, e resolvi dar inicio um novo ciclo, construindo, com os meus parcos conhecimentos, um BLOG consagrado aos doentes que sofrem de PARKINSON.
“Sofrer em silêncio e com dignidade é, para mim, o lema de todos os doentes de Parkinson”.
Conhecer os sintomas, os avanços na ciência e falar da doença será para nós um enorme passo para minorar os estragos causados pela Parkinson.
E se, a tudo isto, juntarmos uma “pitada de amor”, sem “lamechas, então as nossas e as vossas almas serão luz e um exemplo para esta sociedade que está a ficar insensível e egoísta.
A colaboração de todos vai ser preciosa para melhorar a qualidade de vida com a dignidade que todos merecemos.
Finalizo.
Durante estes últimos dois anos tenho pedido a Deus, à vida ou ao Universo para ter coragem.
Pegando nas palavras da brilhante escritora e jornalista, Laurinda Alves:
“Eu pedi coragem e Deus deu-me obstáculos para superar.”
Sejamos felizes.
Rogério Simões
19-11-2004 22:48:31
PARTIDA LARGADA SEGUIDA
Quando eu era menino, ainda meus sonhos mal se abriam, fazia corridas, com os outros meninos, pelas ruas e calçadas do meu bairro em Lisboa.
Os anos passaram e continuei a correr - fui até campeão Nacional de atletismo na equipa do Sporting Clube de Portugal.
Finalmente a doença de Parkinson parou a minha corrida física, porém não parou a minha vontade para lutar.
Fisicamente dou ainda umas voltitas... mas não vou desistir e já ando "correr" à procura de conhecimento sobre esta doença.
Construir um Blog em Portugal sobre o mal de Parkinson, foi o caminho que tracei para ajudar os doentes portadores desta doença.
Chamei ao Blog Blog de Parkinson PT e ao outro Parkinson.blogs.sapo.pt.
Volto à corrida! Mesmo sabendo que só posso contar comigo...
Recordando as palavras daqueles meninos quando os sonhos ainda mal sentiam:
PARTIDA        LARGADA   SEGUIDA!
Rogério Simões

(21/10/2004)

 

 

POEMAS DE AMOR E DOR

Mais algumas palavras de agradecimento

 

No dia 26/3/20004 escrevia, assim no meu blog: amanhã dia 27/3/2004 pelas 17 horas vai ser editado um caderno com 12 poemas que retirei da gaveta.

Será o caderno n.º 41 da Colecção “Índex Poesis” uma iniciativa da Ermelinda Toscano, a quem agradeço.

Não poderia deixar de agradecer a “quem” me aconselhou a visitar o Blog de divulgação de cultura que eu já incluo nos favoritos.

Uma palavra de reconhecimento e gratidão para a autora da feliz ideia de divulgar a poesia e os novos poetas, com o título “Uma dúzia de páginas de poesia”, no Café com Letras, sito na Rua Cândido dos Reis, n.º 88, Cacilhas – 2800-297 – Almada, durante a sessão de << poesia vadia >>.

Citando Ermelinda Toscano “para que a poesia nunca mais fique aprisionada nas gavetas da memória, ou esquecida numa folha de papel que ninguém lê”.

Para recordar a o dia em que publico, pela primeira vez 12 poemas, dou a conhecer um dos meus primeiros trabalhos que não rasguei.

Obrigado, e que vivam os poetas e a poesia.

ROMASI

Hoje, 23/12/006, passados que são quase dois anos, volto a agradecer publicamente aos amigos e poetas da Cidade de Almada, por não me terem esquecido, tanto lhes devo. Foi editada uma colectânea de poemas, um por cada poeta, onde estou representado, num livro intitulado “Índex Poesis”.

Este livro teve apoios entre outros, da Assembleia Distrital de Lisboa; da Câmara Municipal de Almada – Casa Municipal da Juventude; do Museu da República do Rio de Janeiro e das Juntas de Freguesia. (ISBN 972-99390-8-X e Depósito Legal 249244/06)

Edição do “FAROL – Associação de Cidadania de Cacilhas e SCALA – Sociedade Cultural de Artes e letras de Almada.

Hoje, quero mais uma vez abraçar aquela que não deixou que continuasse a rasgar a minha poesia: chama-se Maria Ermelinda Toscano.

Só mais umas curtas palavras para com os amigos de Almada. Todos sabem, como gosto de poesia. Não comparecer pode ser um gesto mal entendido. Não o vejam assim, pois, a poesia comove tanto a minha alma que, quando a tento declamar em público um poema de que gosto, tudo treme e é nestas ocasiões que se vêm a saber que afinal tenho Parkinson.

E porque é Natal quero fazer mais agradecimentos.

Outros dois amigos, da primeira hora, que estiveram no pequeno grupo de apoio expressos à poesia que escrevo são:

EFIGÉNIA COUTINHO

DANIEL CRISTAL (ARMANDO FIGUEIREDO)

Ambos são poetas, ambos aceitaram a minha poesia na sua página “SALA DOS POETAS” desde 2004

A Efigénia é Brasileira e o Daniel Cristal é Português.

A Efigénia é uma rainha, reconhecida por todos
O Daniel Cristal é um talento comparável aos melhores poetas portugueses. Como humilde poeta que o sou; porque gosto muito da boa poesia – considero Daniel Cristal um dos maiores sonetistas que conheço.

O nosso Portugal precisa de conhecer a poesia do grande português Armando Figueiredo

Este é então o meu segundo agradecimento e reconhecimento.

3º Agradecimento vai para o poeta Ferol Fernando de Oliveira, que me recebeu no seu site “o Dono da Loja - Editor de Poesia”

Este poeta português tinha um sonho: que cada poeta escrevesse um poema para que todos os poetas, de todas as nações, dessem as mãos e unidos pela palavra construir um mundo melhor.

O sonho do Dono da loja está vivo e a sua obra continua com Roberto Oliveira, Brasileiro, que deu corpo ao site e construiu o MUNDO POETA. Obrigado aos dois pela confiança e pela divulgação da minha poesia.

4º Ficam aqui mais alguns agradecimentos para a minha mulher e companheira a Bete que é a primeira pessoa que lê os meus poemas, e logicamente a primeira opinião. Á Bete devo tudo e só uma grande mulher consegue “aturar” os estados de alma de um poeta.

Depois, sem qualquer ordem especial, estão todos os que me aturaram quando lhes lia os poemas que escrevia, nomeadamente: os meus actuais colegas de trabalho; os antigos colegas de uma empresa do sector do turismo onde trabalhei como director financeiro; os antigos colegas das Caixas de Previdência; das escolas por onde andei; da arqueologia e de S. Vicente de Fora..

Finalmente para os que me apoiaram nos seus blogs; colocaram links; comentaram e fizeram críticas construtivas.

Vou terminar pedindo desculpa àqueles que não deixei o nome, mas são tantos!

E para vós que me visitais eu vos agradeço pelo apoio demonstrado ao longo de quase 3 anos. Foi por vós que depois de ter desistido em finais de 2005 voltei em meados de 2006.

A minha poesia não está à venda.

A minha poesia serve-se como quem dá um copo de água.

Serve-se com alguma alegria, mas na maior parte das vezes com muita mágoa.

Mas isto pouco importa. È Natal tempo de renovação dos nossos sonhos de menino.

É Natal e hipocritamente melhora-se o rancho àqueles para os quais a vida foi madrasta. É Natal e entulham-se nos caixotes de lixo toneladas de papel com que se embrulham os sonhos ou aquilo que o comércio nos conseguiu impingir.

No dia 27 tudo acaba na lixeira e todos nós participamos no abate desenfreado de árvores. Todos contribuímos para este sufoco da terra mãe.

Vou tentar acabar esta mensagem com alguma esperança e fé algumas das quais escrevi para a doce amiga CRIS a pensar na sua sobrinha.

Sou um poeta que já se revoltou contra a natureza!

Esta força que eu descobri errando e tendo Ele dado sinais que me permitiram de novo a Vê-lo, nos mais insignificantes acenos, tem dado a coragem para enfrentar esta segunda leva de provação – a minha Parkinson.

Então, conduzido pela fé e temperança, sem estar resignado, estou lutando para que esta barreira de “algodão”, que levita no meu corpo, não passe de uma simples aragem.

É por isso que tenho tentado fazer algo por mim nomeadamente conhecendo e sabendo deste mal. Depois há a minha fé, deposito NELE toda a minha força, e com essa força redobrada encaro as coisas como uma não fatalidade.

Por isso tenho ido à luta tentando ultrapassar os sintomas da minha doença e acreditando que amanhã haverá um milagre qualquer que me traga de volta mais alegria para viver.

Há uns anos pensava eu estar na razão, como que a razão estivesse sempre do meu lado, resolvi escrever um livro inteiro de poesia, dura e, crua de revolta, visando alguns valores em que eu acredito e me suportam.

O meu filho, quando tinha 18 meses, deixou de andar. A cabecita tombava como se fosse um boneco, fizeram-lhe uma punção e o diagnóstico era cruel: encefalite. Por um qualquer milagre não morreu nem ficou incapacitado, mas adveio uma epilepsia – o grande mal – e eu fiquei revoltado.

De falha em falha ruiu o meu casamento, foi sempre um fracasso, e eu fiquei revoltado.

De revolta escrevi tanto poema…

Depois, quando a minha alma disse quanto eu estava errado, rasguei o livro contra a casa Dele (a minha), queimei os rascunhos, pedi-Lhe perdão e prometi não mais invocar o Seu nome em vão.

Na verdade, toda essa poesia tinha sida escrita num grito de revolta, por me ter trocado as voltas, e tudo o que tinha planificado para a minha vida tinha e estava a desmoronar-se.

Afinal, depois de ter professado a minha fé, que tanto me elevou, não conseguia entender a razão por tudo me ter saído errado.

Abandonei o atletismo, dediquei-me aos filhos, errei, voltei a errar, levantei-me, voltei a cair, aprendi com os meus erros e defeitos que a culpa está em nós e não num Deus qualquer.

Quando se escreve com laivos de revolta tudo pode parecer bonito mas às vezes passado algum tempo, é tempo de arrependimento.

Pois bem, ainda bem que rasguei a poesia! Eu estava errado – afinal Ele tinha testado a minha fé e eu fracassei.

Hoje sei quanto estava errado e até o meu filho não tem convulsões e reconheço que em 1971 o meu filho se salvou pela fé que nessa altura, depositava Nele.

Há uns anos fui operado no I.P.O e fiquei feliz por tudo não ter passado de um grande susto. Recomecei a olhar… e vi o sol às cores, e aprendi a dar outro valor às coisas por mais insignificantes pareçam.

Eu sei que às vezes me vou abaixo... mas quando pareço estar a bater no fundo há uma força qualquer que se renova e desdobra e me dá alento.

Durante mais de 25 anos andei, aos Sábados, pelos caminhos da arqueologia – a minha grande paixão. Certo dia, ao escavar uma sepultura medieval, deparei com aquilo que restava do que tinha sido uma sola de um sapato que supostamente pertenceu a um defunto.

Reparei naquela sola: estava metida no meio duma forte e grossa raiz.

Vi! Que através dos furos, feitos na sola pelo sapateiro, passavam raízes daquela enorme árvore. Afinal a raiz grossa ramificou-se para ultrapassou o obstáculo e voltou a reunir-se mais à frente formando novamente uma raiz compacta em busca do alimento que permitiu a frondosa árvore viver.

Se até a raiz ultrapassou o obstáculo qual a razão de desistirmos?

Agora vou mesmo terminar:

Afinal eu pedi coragem e Deus deu-me coragem para ultrapassar.

Para todos os que deixaram comentário ou não os meus agradecimentos!

Rogério Simões

Poemas de amor e dor conteúdo da página

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MEIO HOMEM INTEIRO
Rogério Simões
 
Meia selha de lágrimas.
Meio copo de água
Meia tigela de sal
Meio homem de mágoa.
Meio coração destroçado
Meia dor a sofrer.
Meio ser enganado
Num homem inteiro a morrer.
11/4/1975

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