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POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

POEMAS DE AMOR E DOR

Livro de poesia GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO Editado pela CHIADO EDITORA Poeta: Rogério Martins Simões Blog no Sapo desde 6 de Março de 2004 Livro de poesia POEMAS DE AMOR E DOR (Chiado books) já à venda

A MINHA POESIA DE HOMEM SOLTO

mural MES 4.jpg

Foto de um painel que existia perto de Alcântara. Faz parte das fotos que tirei desde 1974

Este meu poema pretende ser um hino ao trabalho.

A MINHA POESIA DE HOMEM SOLTO

Rogério Martins Simões

 

Lancei ao vento,

O meu pensamento emigrante,

A minha poesia de homem solto.

E colhi, por cada palavra,

A aragem fresca da manhã.

E disse-me “Suor do campo”:

-Toma o meu pólen de flor liberta

E compartilhemos o saco da fruta madura.

 

Lancei ao vento,

O meu pensamento emigrante,

A minha poesia de homem solto.

E tomei, de madrugada,

O “Mata-Bicho” em fato-macaco.

E disse-me o Sujo de Fábrica:

-Toma o arado,

A faca por mim feita,

E comeremos também

a fruta madura.

 

Lancei ao vento

O meu pensamento emigrante,

A minha poesia de homem solto,

E colhi por cada palavra,

Na palavra, a onda calma.

E disse-me o “Mestre da Traineira”:

- Toma esta rede!

- E come também

Este cardume de vida,

Tão cheio dos nossos mortos,

E repartamos o saco da fruta madura.

 

Lancei ao vento

O meu pensamento emigrante,

A minha poesia de homem solto,

E colhi em toda a palavra

Um estilo novo;

Numa amizade velha…

E, num arranha-céus da construção civil,

Petiscámos todos:

O peixe vivo.

A carne fresca.

A fruta madura.

O mosto da uva.

Servidos pelo pólen da poesia livre

Colhendo a cada instante

A união do trabalho das forças produtivas.

 

Deixo-vos aqui

O meu pensamento emigrante,

A minha poesia de homem solto…

 

1984

Simões, Rogério, in “GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO”,

(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2014)

(Registado no Ministério da Cultura

- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –

Processo n.º 2079/09)

 

 

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DOUTOR PENACHO...

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DOUTOR PENACHO
Rogério Martins Simões

 

Cedo se levanta

Tarde se deita

Lá vai o Vicente rua abaixo

Carregando sucata.

 

- Como vai o seu tacho?

Pergunta o Vicente

Ao doutor penacho.

 

-É só escumalha, esta canalha,

Que assenta o rabo em qualquer lugar!

 

Maria traz a janta

Venha um bom vinho

-Falta a bebidaaaaaa…..

-Maria traz a fruta

-Que venha tudo!

Que venha tudoooooo.

Diz o padrinho frente ao peru…

-Afilhado quer mais folar?

-sai mais um tacho p´ro meu sobrinho

Dou-te um emprego e vai descansar

Que cedo se deita

E tarde se levanta.

Lá vai Vicente, esse coitado,

Morreu a trabalhar

Partiu Vicente…

Vai a enterrar.

 

Vem o Manel…

Parece um macho

Acima, abaixo

No seu papel…

- Doutor penacho comeu o tacho…

Coma o farnel!

17-08-2006

 

(Registado no Ministério da Cultura

- Inspeção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –

Processo n.º 2079/09)

 

 

 

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O QUE O VENTO NÃO LEVOU…


O QUE O VENTO NÃO LEVOU…
(poema a duas mãos)
AnaMar e Rogério Martins Simões

Já não levantas a terra das suas entranhas.
Não desbaratas, nos morros, o pó lamacento
Que se crava no rosto, no peito e na garganta.
Partiste!
Todos os cavalos estão parados…
Que fizeste da picareta,
da marreta e do guilho?
Olha essas mãos que sulcaram as montanhas;
Esse teu rosto sem brilho;
O bolso vazio,
O frio
Em teu olhar perdido de vista…
Encaminham-se os pés num suave delírio,
No brilho da lua escondido pela montanha:
Rito do pão que o diabo amassou.
A memória da tua voz é eco da minha força.
Ensaia um gesto:
Grito rouco de conquista
Que o vento não levou.
Meco, 23-06-2011
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A minha poesia de homem solto...

A MINHA POESIA DE HOMEM SOLTO

Rogério Martins Simões

 

Lancei ao vento,

O meu pensamento emigrante,

A minha poesia de homem solto.

E colhi, por cada palavra,

A aragem fresca da manhã.

E disse-me “suor do campo”:

-Toma o meu pólen de flor liberta

E compartilhemos o saco da fruta madura.

 

Lancei ao vento,

O meu pensamento emigrante,

A minha poesia de homem solto.

E tomei, de madrugada,

O “mata-bicho” em fato-macaco.

E disse-me o sujo de fábrica:

-Toma o arado,

A faca por mim feita,

E comeremos também

a fruta madura.

 

Lancei ao vento

O meu pensamento emigrante,

A minha poesia de homem solto,

E colhi por cada palavra,

Na palavra, a onda calma.

E disse-me o mestre da traineira:

- Toma esta rede!

- E come também

este cardume de vida,

Tão cheio dos nossos mortos,

E repartamos o saco da fruta madura.

 

Lancei ao vento

O meu pensamento emigrante,

A minha poesia de homem solto,

E colhi em toda a palavra

Um estilo novo;

Numa amizade velha…

E, num arranha-céus da construção civil,

Petiscámos todos:

O peixe vivo.

A carne fresca.

A fruta madura.

O mosto da uva.

Servidos pelo pólen da poesia livre

Colhendo a cada instante

A união do trabalho das forças produtivas.

 

Deixo-vos aqui

O meu pensamento emigrante,

A minha poesia de homem solto…

 

1984

(Registado no Ministério da Cultura

- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –

Processo n.º 2079/09)

 

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Sempre mulher

Sempre mulher

(romasi)

 

Maria mijona

A caminho da horta

Abre as pernas

E mija sem cuecas

 

- Rosa do campo!

 

Maria fedorenta

Fede suor

 

- Fábrica de rolhas

 

Maria bigorna

Soprando fogo

Das pernas e das ancas

 

- Torno de homem

 

Maria gente!

Mulher a preceito

 

Maria valente

Suja

Fedorenta

Bigorna de jeito

Mas sempre mulher.

1976

 (memórias de infância - a caminho da horta)

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Coveiro


 

 

COVEIRO

(romasi) 


 

Cava coveiro

Ganha o teu pão

Não desanimes e cava

Levanta a terra do chão.

 

Tapa

Enterra

Sepulta

O corpo do teu irmão.

 

Se é assim a tua vida

Cumpre a tua missão!

O sino já tocou

As badaladas são iguais

Vamos, abre o pano

Mostra o cenário aos mortais

Representa a tua peça

Nesse teu palco de vida

Onde todos são iguais

 

Que tamanha tragédia

Onde tu és actor

A todos fazes sofrer

A todos fazes chorar

Mas não pares

Continua a representar.

Que importa a tua face dorida

Se tens de cavar

Para ganhara tua vida.

 

Espera velho coveiro

Escuta a boa-nova

Tapa

Enterra

Sepulta

Não caves a tua cova.

 1968

 

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Sou funcionário público

 

 

 

SOU FUNCIONÁRIO PÚBLICO

Pertenço aos quadros da função pública de que tanto me orgulho. Não me chamem nomes. Os funcionários públicos, quase totalidade, merecem o respeito e a admiração de todos.

Que culpa eles têm que lhes imponham dirigentes e chefias incompetentes. Quem serão os culpados pelo aumento do número de funcionários públicos e pela sua má gestão senão o poder político.

Senhor Ministros onde estão os meus direitos adquiridos – a reforma aos 60 anos?

Qual a razão que vos assiste: reformarem-se, mantendo os vossos altos direitos adquiridos enquanto nós, (eu) com 36 anos de descontos terei de trabalhar mais 10 anos?

Tenho quase com 56 anos, e assumo que estou diagnosticado com Parkinson sem “lamechas”.

Amanhã voltarei de novo ao meu trabalho com um pensamento que me assusta: só me posso reformar aos 65 anos!

Restam-me poucos anos para ainda segurar a faca (mesmo com dificuldade).

Quisera voltar a não ter a minha letra miudinha, desalinhada, desarticulada para acertadamente continuar a dar pareceres.

Quisera tomar banho num minuto e arranjar-me num instante para chegar ao trabalho a horas, como sempre o fiz, mas não consigo. Por isso levanto-me mais cedo e fico mais cansado.

Perco-me a apertar os botões da camisa e a fazer o nó da gravata.

Tinha por meta reformar-me daqui a pouco mais de 4 anos, aos 60, para iniciar a fisioterapia que tanta falta me faz.

Afinal vou ser obrigado a trabalhar mais 10 anos deixando de ter esperança de viver, durante alguns anos da reforma, com um mínimo de dignidade.

Quantos mais funcionários públicos não estarão na minha situação ou pior?

Estes são os lamentos de mais um funcionário público a quem vão retirar o direito á reforma aos 60 anos.

Rogério Martins Simões

 

 

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MEIO HOMEM INTEIRO
Rogério Simões
 
Meia selha de lágrimas.
Meio copo de água
Meia tigela de sal
Meio homem de mágoa.
Meio coração destroçado
Meia dor a sofrer.
Meio ser enganado
Num homem inteiro a morrer.
11/4/1975

Todos os poemas deste blog, assinados com pseudónimo de ROMASI ou Rogério Martins Simões, estão devidamente protegidos pelos direitos de autor e registados na Inspecção-Geral das Actividades Culturais IGAC - Palácio Foz- Praça dos Restauradores em Lisboa. (Processo 2079/2009). Se apreciou algum destes poemas e deseje colocar em blog para fins não comerciais deverá colocar o poema completo, indicando a fonte. Obrigado

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