CHORA TRISTEZA
Rogério Martins Simões
- Atravesso os muros que derrubam os silêncios…
A agonia morre emparedada…
- (cobardes, abutres,
Corja repugnante da sociedade…)
- Chora tristeza que o menino
Perdeu as asas para voar…
Morre vileza,
Que ao passarinho
Nem o deixaram cantar...
- Bruxas, adivinhas e contos de fadas:
Nem os deixaram escutar...
- Chora tristeza
Que o menino
Lágrimas não tem para deitar…
…Nem tem como fugir...
Meco, 25-06-2011 18:14:12
(Registado no Ministério da Cultura )
PUBLICADO
Simões, Rogério, in “GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO”,
(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2014)
ISBN 978 989 51 1233 3
Poemas de amor e dor
conteúdo da página
publicado às 12:11
TRISTEZA NO MEU OLHAR Rogério Martins Simões
Quanta tristeza tem este meu olhar.
Que aos poucos vai morrendo: que viver?
Se lentamente passo este sofrer:
Neste viver, assim, sem desejar.
Já passei tantas datas por datar…
Mais que os anos, perdidos, sem os ver
Que para mais estar, e sem morrer,
Na morte vive quem mais esperar.
Que não seja por mim a pouca sorte,
Pois que, neste meu invólucro de morte,
É na vida que a alma se deslinda.
E neste desespero em que me vejo,
Minha alma, num momento de sobejo,
Recorda-me que não quer partir ainda.
Meco, 05/03/2015 19:30:42
Simões, Rogério, in “POEMAS DE AMOR E DOR”,
(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2019)
1ª edição: Agosto, 2019
ISBN: 978-989-52-6450-6
Depósito Legal n.º 459328/19
Poemas de amor e dor
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publicado às 17:34
CANTO O IMPREVISTO
(Rogério Martins Simões)
Canto o imprevisto
O que se espera e não espera
Canto o que conto, e não conto:
Tenho andado em viagem
Sem tempo.
Acordo cansado,
Deito-me cedo
Cedo ao meu corpo fatigado
E neste tormento
Sem razão aparente,
Neste aparente cansaço:
Não sei por onde ando.
Ando por aí
Em busca de qualquer coisa
Que nem sei onde está.
Olho a televisão
Nada vejo que me encontre.
Olho as molduras
Leio os rostos que conheço,
Amo os que não esqueço.
Daria tudo
Por uma forte gargalhada,
Sonora, repetitiva:
Rindo, rindo, sem parar.
E neste meu silêncio, em que me silencio
Quero rir para não chorar.
04-03-2005
(Para um suposto 3º livro)
Poemas de amor e dor
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publicado às 21:50
(Autor da foto Rogério Simões)
HOJE É DIA NÃO
Rogério Martins Simões
Hoje é dia não!
Da negação de mim mesmo
Da negação do eu
Que me conduz à indiferença
E neste momento
Sem movimento
Corro o risco de ficar parado
Hoje ao passar pelo centro
Dos gélidos e doentios olhares
Que cegos não eram
Nem vivos são…
Ninguém me viu
Ninguém reparou
Que uma lágrima beijou o chão
E, enquanto tentava escrever,
Outra caiu no papel
Que acabou por secar
Porque hoje é dia não.
Lisboa, 24/11/2017 13:52:11
Poemas de amor e dor
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publicado às 00:49
QUE COMER DO QUE RESTA DA ALDEIA?
Rogério Martins Simões
Fogo!
Não venha comer as minhas ovelhas.
Fogo!
Só sei apagar a fogueira…
Cruzes canhoto;
Já me ardem as orelhas
Vade retro
Deixe as nozes e a nogueira…
Tem noites,
Em que as noites são vermelhas…
Credo! Abrenúncio!
Vem por aí a feiticeira…
Ferradura atrás das portas
E cornos nas telhas…
Vade retro
Deixe os figos na figueira…
Fogo não volte
Para roubar o nosso pão.
Menino homem
Só tem medo do papão…
LOBA…
Que vai ser de si e da sua alcateia…
Dói a barriga de tantas amoras…
Ardem as silvas,
Os matos e as horas…
Que comer se nada resta da aldeia?
Meco, 29/07/2017 00:18:09
(Dedicado às Lobas... que tanto lutaram para terem uma vida melhor e que com avançada idade não podem voltar a lutar)
Poemas de amor e dor
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publicado às 01:40
POR QUE SOU TRISTE?
Rogério Martins Simões
Saber, quero saber por que sou triste?
Querer, por mais querer, o riso ensejo.
Chorar? Não mais chorar é meu desejo.
Saber por que razão meu choro insiste?
No meio deste silêncio, e que persiste,
Razão tem a razão em que me revejo.
Chorar será o clamor do meu arpejo.
Saber, quero saber em que consiste.
Perguntei ao meu rio Tejo, a soluçar,
Que me desse a razão deste meu estar:
Saber, quero saber que fiz de errado?
Sorrindo para mim para que o visse,
Cuidai desse teu riso, e mais me disse:
- Chorar, e mais chorar, será teu fado…
Meco, Praia das Bicas, 2013-12-12
Simões, Rogério, in “GOLPE DE ASA NO SEQUEIRO”,
(Chiado Editora, Lisboa, 1ª edição, 2014)
Poemas de amor e dor
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publicado às 23:11
GIRA QUE GIRA A MINHA TRISTEZA
Rogério Martins Simões
Certa como incerta é minha certeza:
É estar morto e sentir o coração;
E é andar, para aqui, a tombar no chão;
Gira que gira por baixo da mesa.
Que o meu derrube não será leveza,
Tão pesado, parado, em contra mão.
E o vento que de mim se fez pião,
Gira que gira na minha tristeza.
Decerto, dirão aqueles que me leram,
Que outros, por tanto, ou muito mais sofreram:
Saindo muito mais cedo da corrida…
Sendo eu poeta, e bordão, vos secundo,
Que o tempo é p´ra ser vivido ao segundo.
Lutando para ganhar tempo à vida.
Meco, Praia das Bicas, 09/10/2014 18:53:10
(ao meu irmão, José Manuel Martins Simões)
Poemas de amor e dor
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publicado às 19:40
ANDO LÉGUAS PARADO
Rogério Martins Simões
Sinto-me fraquejar.
Já nem sei se sinto.
Existo numa existência reduzida,
Fraquejada, sofrida.
Ando léguas,
Parado
Num morro de silêncios soletrados
Sou um corrimão sem utilidade
Onde tropeço e tombo
Cortinas adensam o meu corpo.
Biombos e labirintos terei de percorrer.
Percorro, quase sempre, as mesmas palavras
Acrescentadas aqui e além com traços
Descontínuos
Como a água onde lavamos
As lágrimas tristes do nosso olhar.
Meco, Praia das Bicas, 20/09/2014 11:31:24
Poemas de amor e dor
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publicado às 21:31
PALHAÇO
Rogério Martins Simões
Ai se eu pudesse ser arauto do contrário,
Alargando o disfarce e a mímica.
Se eu pudesse mostrar que esta química,
Transforma tantas vezes este circo em calvário.
Se por momentos deixasse de ser palhaço,
Atrelando ao olhar o que na verdade sinto.
Pudesse dizer que rindo, do que faço,
Sou apenas palhaço no recinto.
Depressa, veste o traje e pinta o rosto,
Que o circo está cheio de meninos,
E o que importa é fazer rir os pequeninos:
Mesmo que o teu riso seja desgosto.
Batem palmas e riem tanto,
Que mesmo chorando não minto:
Lágrimas que este meu riso de pranto,
A todos fazem sorrir por instinto…
Meco, 23/06/2014 23:19:49
(In “Poemas de Amor e Dor”)
((Poema do próximo livro
Registado no Ministério da Cultura
Inspeção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09))
Poemas de amor e dor
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publicado às 19:06
TRILHOS DA DESESPERANÇA
Rogério Martins Simões
Quando os povos não se levantam
E não enfrentam as horas da revolta.
Quando os navios sulcam
As lágrimas da partida…
Até os velhos seguem
Os trilhos da desesperança…
Meco, 22/01/2014 18:08:36
Poemas de amor e dor
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publicado às 00:23