Por favor não me filtrem as núvens
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NO RELEVO DO CAMPO
Romasi
Rogério Martins Simões
No relevo do campo
Na giesta do mato
Tu te deitas
Eu me tardo
Tu te despes
E meu peito se quebra
Num soluço virgem
Num bater profundo
Como se todo o gesto
Percorresse o próprio gesto
Como se todo o silêncio
Fosse o próprio silêncio.
No relevo do campo
Na giesta do mato
Tudo parece acabar
Como que no chão
Tudo morresse.
Não!
As flores irão florir
Porque eu terei a força
De as despir.
E do meu gesto
Renascerá o próprio gesto.
No relevo do campo
Na giesta do mato
Tu me chamas
Eu me dispo
E num gesto
Cavo o chão
Entro nele
Para bem fundo
Poder fecundar a terra
E florir na Primavera.
12/02/1979
(Registado no Ministério da Cultura
Inspeção-Geral das Atividades Culturais I.G.A.C. Processo n.º 2079/09)
NÓ CEGO…
Rogério Martins Simões
Vezes sem conta… que contam?
Os deslizes desta vida nas bordas;
Os precipícios inclináveis sem retorno;
Ou a demência descontrolada num forno
Nos baloiços dos suplícios sem cordas…
Deixo ir os sentidos… que montam?
A carcaça seca de um velho barco
Ou o ginete de um gato parco
Capado, coitado, sem ego…
De gatas, às gatas, em nó cego…
Às vezes tenho guizos… que gizo?
A senda de um marinheiro acorrentado…
A contenda de um plano inclinado
Ou a arte de escapar à descida,
Atravessada, cordata, vencida…
Deixo estas palavras: descontem!?
Confusos sentimentos sem viso?
Deixo de fora a estética: preciso?
De um soneto heróico de Camões
Ou de um jogo combinado a feijões?
Hoje nada conta: abro o misturador
E pico as palavras no obliterador…
Vezes sem conta! Desmontem…
Lisboa, 01-07-2008 20:57:28
(Registado no Ministério da Cultura
Inspeção-Geral das Atividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09)
(Poema dedicado ao filho da minha companheira, Ricardo Palma Ferreira,
que faleceu, em 1989, num acidente de mota na ponte 25 de abril)
NUVENS NA MINHA ALMA
Rogério Martins simões
Caminho por nuvens que atravessam a minha alma.
Quem as não dispersou?
Quem as encaminhou para mim?
Agarro as estrelas e domestico o universo.
Tenho a alma num verso
E a chuva no colarinho…
Caminhar já é bom… Caminho!
Tenho um mastro para vencer.
Ardem-me os olhos só de espreitar.
Para quê mais sofrer,
Se todos os encantos não se agitam assim.
Não! Não quero prantos:
Para que, nem só na dor,
se recordem de mim.
25-07-2010 15:10:34
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspeção-Geral das Atividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
DESTINO OU CORAGEM
Hoje fui apanhado de surpresa – Localizei um poema meu, um soneto, no YOUTUBE.
Não! Não fiquei triste! Antes pelo contrário. Alguém que não conheço, que gostou do meu poema e manteve a minha autoria fez um vídeo, muito belo, com o meu soneto: DESTINO OU CORAGEM.
Agradeço ao seu autor que não conheço.
Aproveito para desejar, a todos, um feliz, muito feliz, 2009
Sempre,
Rogério Martins Simões