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Fotografia de Rogério Martins Simões
RENASCER
Rogério Martins Simões
Passaram muitos anos
Em que te vi crescer
Habituei-me a olhar
Até me tapares a visão
Quando disfarçada crescias
A caminho do céu…
E eu voltava a passar
E a renascer
Por te sentir respirar
e rever
Em qualquer estação.
E tinhas o cuidado
De não cegar a luz
Pois a teus pés cresciam
Flores silvestres
Melros
Cogumelos e coelhos bravos
Enquanto em teu corpo
Adormecia uma cegonha…
Campimeco, Praia das bicas, Meco
27-02-2011 13:31:02
(imagem do facebook)
A PENSAR EM TI
ROMASI
(Rogério Martins Simões)
Estrela da manhã
Que queimas
E não me guias…
Amiga
Flor que desperta
E não se apaga.
Lírio
Flor de lótus.
Semente.
Mar de vida.
Onde semeio
Onde me banho
E não me apago.
1983
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
Foi por acaso que descobri este belo poema, do poeta João Raimundo Gonçalves, no blog Direito de Resposta.
Sou um Humilde poeta e não mereço esta linda homenagem à minha poesia.
Muito obrigado ao poeta e partilho convosco este seu poema com a respetiva autorização.
Bem-haja - Amigo e grande poeta, João Raimundo Gonçalves.
Rogério Martins Simões – poeta da alma
(João Raimundo Gonçalves)
olho no teu rosto a esperança
segredo dum homem que se deu conta
toda tempestade traz bonança
ainda que instante breve tanto monta
*
olho no teu rosto a firmeza
olhos leais lábios expressivos da vontade
que por mais afoita seja a tristeza
na tua alma regurgita eterna a liberdade
*
olho palavras transpiram poesia
tão de tanto amor serenas nas memórias
por mais que o temporal seja de maresia
ergues na alma a força das vitórias
*
olho amor sem espera duma mulher
aroma que ameniza dor num homem irreverente
nem a Parkinson vence quando quer
nem a epilepsia anula a coragem que a alma sente
*
olho o encanto de versos que seduzem
o incitamento à coragem humana de tudo vencer
vida possuída de estrelas que reluzem
e que atraem mundos ansiosos por te conhecer
*
olho o homem de memória inteira
o poeta que encanta e maravilha a fantasia
de forma brilhante à doença toma dianteira
que viva nele eterna tão doce poesia
Poeta, João Raimundo Gonçalves
Fico quase sem estrelas,
pois as quero dar neste momento em que tomo conta, sem contar,
deste magnífico poema que quiseste dedicar.
Sabes, os poetas são assim: ternura e sensibilidade à flor da pele,
nobreza de sentimentos,
encantamentos e tudo isto e tanto mais os distingue dos demais.
Fazemos parte do universo da luz que reluz nos versos,
nos poemas com que nas noites calmas e serenas nos encontramos com o luar.
Desfolhamos pétalas sem ferir as flores.
Choramos todas as lágrimas num turbilhão de sentimentos
e ressuscitamos num verso.
Apanhamos o último barco onde não chegámos a entrar.
Sim! Fico sem estrelas mas cheio de luz!
Muito obrigado poeta por este momento que eternizo na minha alma.
Rogério Martins Simões
ROMASI
Foto de Rogério Simões
Cumplicidades
(Rogério Martins Simões)
Observei-te, estavas, linda!
Bonita, como a rosa em botão!
Não te toquei, estavas ainda
Longe no teu olhar - eu não!
Afinal não te era indiferente.
Mas, enfim, lá por dentro vias
Que havia em mim algo diferente
Nos locais para onde ias.
Para compensar o tempo ido
Prometias em pensamento
Recuperar o tempo perdido
À força de um sublime momento.
Amor! Estavas tão linda
Bonita como a rosa em botão
Não te toquei, estavas ainda
Perto do meu olhar - tu não!
Finalmente teu coração reparou
E descobriste que eu existia
Teu amor em mim encontrou
E… foi tão lindo esse dia.
E foram tão longos os abraços,
Carentes, infinitos e diferentes.
Foram estes os nossos laços
Afinal não éramos indiferentes…
2003
(Caderno Uma Dúzia de Páginas de Poesia n.º 41)
E colectânea de poemas”INDEX-POESIS”
(ISBN 972-99390-8-X e Depósito Legal 249244/06)
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.P. –
Processo n.º 2079/09)
Abri a janela do meu quarto
Rogério Martins Simões
Abri a janela do meu quarto,
Era ainda manhã,
Em cima da mesa estava o coração!
Reparei na moldura,
Passei discreto,
Eram tempos de hesitação!
Que segredos guardam meus passos?
Que tristezas guiam meus conflitos?
Acabei por descobrir os meus laços,
Percorrendo sempre os meus gritos!
Corri para o canteiro do lugar
Recolhi um botão de formosura,
Que, atento, coloquei ao luar.
Era noite, cedo tarda a noite,
Porque cedo amanhece o dia!
Que fado é a saudade
Da mesa do meu quarto
Que a felicidade é ter-te à mesa,
Servir-te este caldo farto
Num prato de sobremesa...
Esta rosa florida em botão.
Este instante de ternura e poesia,
Que, neste momento,
te entrego em mão.
Sexta-feira, 4 de Julho de 2003
(Registado no Ministério da Cultura
- Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C. –
Processo n.º 2079/09)
OLHA O AMOLADOR!
Rogério Martins Simões
Sete notas no ar hoje ecoaram!
O pregão do Amolador anda no ar.
Por todas a casas se procuraram
Tesouras e facas para aguçar.
Despertou em mim a curiosidade
Fizeram-me recordar as tradições
Passado recente da minha cidade
Lisboa, de encantos e de pregões!
Mas o som da flauta era sonante...
Anunciava a chuva e a tempestade,
Incómoda, enfadonha e marcante
Agora, ao recordar, sinto saudade!
9 De Agosto de 2004
(Registado no Ministério da Cultura
Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.
Processo n.º 2079/09)
INSTÂNCIA
(
Regresso da escola
percorro os mesmos passos
as mesmas ruas
é rotina!
Por isso não ligo às ervas que crescem
entre as pedras da calçada...
Aos cegos que por mim passam…
Sou tal como eles, não vejo!
Ah! Agora recordo
As barracas amontoadas ao fundo da escola
E aquelas crianças nuas
Brincando no gelo dos corações caridosos?!
Também há rosas!
Não! Havia!
Porque as rosas são a atenção de quem passa
Arrancam-nas e põem-nas na lapela.
Às vezes oferecem-nas…
Não! Deixam-nas secar…
E as pétalas caem no odor que fica!
Uma criança chora!
Levou um tabefe!
E vem o trabalhador de lancheira na mão
Olá amigo! Vai um copo?
Depois tudo me esquece
Tudo passa
Tudo gira na rotina
E no limiar da porta
Tiro a chave…
Acordo…
E vejo o mundo…
Lisboa, 30/01/1969
DARFUR - SUDÃO
Rogério Martins Simões
Era uma noite, tão noite,
nem uma só luz existia,
as velas, acesas, não brilhavam.
Lá fora nem luar havia…
Metia medo!
Ninguém dizia!
Ninguém murmurava…
O silêncio era gélido!
Esperavam o dia,
e os corações sangravam…
Medrosa agonia,
Metia medo!
Ninguém diria…
Vieram os cavaleiros de negro…
Despedaçaram as portas!
Violaram! Mataram!
Derramaram o sangue!
Verteram-se as lágrimas!
Levaram os moços!
Incendiaram o chão!
Queimaram os corpos em pira!
Envenenaram os poços!
E partiram sedentos de ira!
Que tragédia é essa - Sudão?
Voltou o dia!
Fez-se noite!
Viram-se de novo as estrelas!
Que é do teu povo Sudão?
4/4/2005
(Dedicado a João Paulo II)
O QUADRO DA GUERRA
(
Pintor
Pega na tua tela e pinta.
Mostra a beleza da paisagem,
mostra os horrores da guerra.
Não tens tinta,
Mas pinta!
Serve-te do sangue que corre
nos corpos que jazem por terra…
Não queres pintar!?
Só sabes desenhar,
pintar,
As belezas da serra!
Vá lá!
Porque não queres tu agora
se à tua frente
há montes sem terra!
Se à tua frente há desgraça!
Ah! Já pintas!
Então pinta
O quadro da guerra.
Lisboa, Escola Secundária Patrício Prazeres,
15/9/1968
(Homenagem aos mártires de Guernica)